‘MENINAS DO CLÓVIS’

A força da amizade: educadoras da antiga Escola Estadual Clóvis Salgado fazem encontrão após 26 anos

Professoras e colaboradoras criaram um grupo para compartilhar de deixar vivas memórias marcantes 

Por Kemileyn Freire

Publicado em 14 de novembro de 2024 | 09:00

 
 
Grupo faz pequenos encontros em bares e restaurantes da cidade há 15 anos Grupo faz pequenos encontros em bares e restaurantes da cidade há 15 anos Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Criar vínculos e estabelecer laços têm sido algo cada vez mais raro entre as novas gerações. Com a agitação provocada pela rotina, o relógio passa de aliado para adversário, e o dia, que tem 24 horas, ganha a palavra “apenas” antes do numeral. Mas isso não impediu as “Meninas do Clóvis” de fazerem o tempo girar a favor delas. E se você ainda não conhece o grupo, este é o momento certo.  

Composto pela velha guarda de professoras e colaboradoras que trabalhavam na antiga Escola Estadual Clóvis Salgado, o “Meninas do Clóvis” surgiu da vontade do encontro, da lembrança ainda viva e da saudade das amigas de profissão. E quem são elas? Vinte e duas mulheres que partilharam da mesma paixão pela educação entre as décadas de 60 e 90 e que, com o passar dos anos, firmaram uma amizade digna de um bom reencontro. 

Em 1998, o município assumiu a unidade de ensino, que ficava na Rua do Rosário, 764, no bairro Angola, onde hoje é a Biblioteca Pública Municipal Leonor de Aguiar Batista, migrando a, então, nova unidade municipal para o prédio na rua Francisco Ricardo da Silva, atual instalação. Após a municipalização, cada profissional foi transferido para uma unidade de ensino estadual em Betim, e, com isso, o contato diário foi interrompido, mas os laços não se romperam. 

Alguns anos depois, a professora aposentada Ceci Rodrigues propôs um reencontro: “A maioria das meninas se aposentou entre 95 e 2000. Sempre que eu me encontrava com uma delas, falávamos que precisávamos nos reunir. Então, comecei a convidar. Tinha vez que iam três ou quatro pessoas, e achava que estava pouco, mas elas sempre falavam que o importante era continuar encontrando. Começamos com o encontro já há 15 anos, uma vez por mês, cada dia em um espaço maior”. A cada reencontro, mais mulheres se juntavam ao grupo, mas ainda faltavam muitas.  

Então, a também professora aposentada Maria das Graça Melo decidiu promover um “encontrão”. E o lugar não poderia ser mais simbólico: a biblioteca pública, onde, afinal, elas se conheceram. O encontro aconteceu na última quinta-feira (7). Para completar a festa, elas criaram um grupo de WhatsApp com o nome “Meninas do Clóvis”.  

Com mais de 70 anos, todas as integrantes têm muitas lembranças boas a serem compartilhadas. Entre elas, duas foram presença marcante no evento por serem as mais antigas no grupo. Gliceria e Madalena eram, conforme destacou Maria das Graças, “excelentes educadoras, pacientes e carinhosas” e fizeram questão de superar as dificuldades – elas estão com o estado de saúde mais frágil - para se juntarem às “Meninas do Clóvis” nesse encontro que já deixou saudades.


Alguns depoimentos saudosos

“Eu me sinto profundamente realizada, grata a Deus, por minha profissão e por ter vivido essa experiência tão maravilhosa na área da educação! O meu coração transborda de amor revendo essas colegas de trabalho e, dentro do olhar de cada uma, a mesma menina de ontem, buscando no passado, na juventude de outrora, aqueles sonhos sem fim, todas se olhando, as emoções se aflorando e perguntando: você se lembra de mim?”.  

- Maria das Graças de Melo


“Fiquei muito feliz, como em todas as outras vezes. Foram muitas lembranças boas e o prédio está do mesmo jeitinho de quando nos aposentamos.”  

- Ceci Rodrigues de Almeida e Silva

“A antiga Escola Estadual Clóvis Salgado foi muito especial, pois deixou um legado e marcas muito fortes na nossa comunidade. Nós éramos uma grande família, e trabalhávamos com muito amor e dedicação. A amizade prevalece até hoje. Fazemos os nossos reencontros, para que essa luz nunca se apague e o brilho no olhar seja cada vez mais intenso. O mais importante é deixar o amor em tudo o que fizer. Por isso, nos encontramos até hoje.” 

- Valéria Inácia de Melo