CENTENÁRIO

Dona Noemi Gontijo celebra 100 anos no mês das mulheres

Fundadora do Salão do Encontro é referência na cidade; aniversário será marcado por missa e memorial

Por Iêva Tatiana

Publicado em 08 de março de 2024 | 09:00

 
 
Nascida em Luz, dona Noemi Gontijo chegou a Betim em 1956 Nascida em Luz, dona Noemi Gontijo chegou a Betim em 1956 Foto: Salão do Encontro/Divulgação

No mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, uma personagem de grande protagonismo na história da cidade celebra seu centenário de vida: Noemi Macedo Gontijo. A comemoração vai acontecer no dia 30, às 9h30, na matriz do Salão do Encontro, no bairro Angola.

Nascida em Luz, no Centro-Oeste Mineiro, dona Noemi, como é conhecida, chegou ao município em 1956, já tendo vivido aqui mais da metade dos seus 100 anos. Foi em território betinense que ela construiu um dos projetos sociais mais reconhecidos do Estado, voltado para a educação, para a cultura e para a capacitação profissional de famílias em situação de vulnerabilidade social.

Professora especializada em artes industriais e educação artística, dona Noemi já foi diretora das escolas Reunidas Sarah Kubitschek, esteve à frente das classes anexas do Colégio Estadual de Betim e conduziu um projeto de oficinas de arte na Escola de Excepcionais Nossa Senhora da Assunção, onde atuou com deficientes intelectuais. 

Atualmente, ela é presidente de honra do Salão do Encontro, fundado em 1970 junto ao frei Stanislau Bartold para oferecer dignidade a pessoas carentes. “Nossa proposta era ajudar quem não tinha nada. As primeiras crianças eram muito carentes, não tinham comida direito, roupa nem acesso à educação. Durante toda a minha vida, isso me preocupou muito”, afirma Dona Noemi.

Inicialmente, o local promovia oficinas de tecelagem, marcenaria e cerâmica para adultos a fim de ensinar a eles um ofício que pudesse se tornar uma fonte de renda. Com o tempo, surgiu a necessidade de acolher também os filhos deles. Nascem, então, a escola e a Metodologia de Ensino Aprendizagem Noemi Gontijo, registrada em 2023. Vanguardista, dona Noemi sempre quis ir além do convencional. “Dar a eles somente o melhor, o mais bonito. Ensinar a não se satisfazer com qualquer coisa. Eu gosto é do mais belo”, define.

Reconhecimento

Para quem faz parte dessa história, o sentimento é de gratidão. É o caso da gerente social do Filhote, Alzely Lucas, que atua no Salão do Encontro com o marido, o instrutor de marcenaria Márcio Rodrigues, e a filha, Ana Clara, estudante da instituição. “A cada acolhido que chega a essa unidade, eu me sinto completando uma obra, que, nas palavras de dona Noemi, é nossa. Uma mulher grandiosa, forte e corajosa, que sempre viu além e trabalhou para que o outro descubra o quão grande ele é. Hoje, seguimos tecendo com essa linha e promovendo novos encontros”, diz Alzely.

O atual diretor-presidente da instituição, Frederico Bicalho, ressalta que a história da fundadora se funde com a do próprio Salão. “Ela é a pedra fundamental, o alicerce de um projeto ao qual ela dedicou toda uma vida. Cuidar desse legado é um gesto de respeito à sua trajetória, que tem a minha mais profunda admiração”, frisa Bicalho.

Novo espaço vai recontar história

O centenário da presidente de honra do Salão do Encontro será marcado pela celebração de uma missa em ação de graças na quadra da unidade matriz (rua João da Silva Santos, 34, no Angola), no próximo dia 30 (sábado), às 9h30. Na mesma data, ocorrerá a abertura do Memorial Noemi Gontijo, instalado na antiga Casa de Hóspedes, na entrada principal da instituição. O espaço dedicado a uma das mulheres mais expoentes do município foi completamente restaurado e pensado para preservar a memória viva da fundadora. 

O memorial registra as diversas fases da obra e da vida de dona Noemi, a fim de que a história dela seja sempre lembrada e contada para as próximas gerações. Já no dia da inauguração, o público poderá conhecer e/ou relembrar os principais feitos dessa luzense radicada em Betim.