RASTRO DE DESTRUIÇÃO

Três galpões de reciclagem são destruídos por incêndios em Betim em menos de dez dias

Polícia Civil investiga casos para se saber chamas podem ter sido criminosas; só um empreendimento teve R$ 2 milhões de prejuízo

Por Lisley Alvarenga

Publicado em 21 de fevereiro de 2025 | 18:08

 
 
Galp]ao destruído no bairro Chácara, em Betim, teve prejuízo de R$ 2 milhões Galp]ao destruído no bairro Chácara, em Betim, teve prejuízo de R$ 2 milhões Foto: Nelson Batista

Nos últimos nove dias, três galpões de materiais para reciclagem foram destruídos por incêndios de grandes proporções em Betim. Somados, dois episódios resultaram na perda de cerca de 300 toneladas de materiais recicláveis e, em um deles, o prejuízo contabilizado chega a R$ 2 milhões. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que os trabalhos de investigação seguem em andamento para apurar se há indícios de ação criminosa por trás dos incêndios. Felizmente, em nenhum dos casos houve registro de feridos.

O primeiro incêndio aconteceu no galpão da Associação de Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Betim (Ascapel), no bairro Bandeirinhas, na noite do dia 12 de fevereiro, horas depois de os associados da entidade deixarem o expediente. 

Embora o galpão da Ascapel não tenha sofrido danos estruturais, a estimativa, segundo a entidade, é que 200 toneladas de materiais recicláveis, recebidos por meio do serviço de coleta seletiva do município, tenham sido perdidas. Além disso, todo o maquinário usado pelos 18 associados – um torrador de papel, duas empilhadeiras manuais, um carrinho de vidro e uma prensa – foi destruído no incêndio. 

A reportagem de O Tempo Betim conversou com a coordenadora-geral da Ascapel, Aline das Graças, nesta sexta (21), que declarou que aguarda o laudo da perícia da Polícia Civil para averiguar se o incêndio na entidade foi ou não criminoso. Ela estima que o prejuízo gire em torno de R$ 500 mil.

O segundo incêndio, na manhã do dia 17 de fevereiro, atingiu a parte externa do galpão e um caminhão de uma empresa de material de plástico situada às margens da BR-381, no bairro Citrolândia. Segundo os bombeiros, seis viaturas e 16 militares foram empenhados, e 20 mil litros de água foram usados para controlar as chamas. 

Por duas ocasiões, a reportagem tentou falar com algum representante da empresa in loco, mas sem sucesso. O empreendimento, por não possuir Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) nem Alvará de Funcionamento, foi notificado pela prefeitura. 

Já o último episódio de destruição foi registrado pelos bombeiros na noite dessa quinta-feira (20 de fevereiro), em um depósito de materiais para reciclagem no bairro Chácara. Nesta sexta (21 de fevereiro), mesmo após as chamas terem sido debeladas, moradores ainda reclamavam da grande quantidade de fumaça na região e de falta de energia elétrica. 

Bastante abalado, o proprietário do empreendimento, que pediu para não ser identificado, revelou à reportagem que já contabiliza um prejuízo de cerca de R$ 2 milhões e que, além de seis caminhões, duas empilhadeiras e dois carros terem sido totalmente destruídos pelo fogo, aproximadamente 70 toneladas de materiais também foram consumidos pelas chamas. 

"A gente tinha aqui alumínio, metais ferrosos e não ferrosos, além de plástico, papel e papelão. Nossa frota tinha seguro, mas o galpão, não. Hoje, acordamos com uma sensação de incapacidade. Tínhamos várias tarefas a cumprir e estamos impossibilitados de trabalhar. O galpão foi interditado, estamos sem parte da frota e com um prejuízo financeiro enorme", lamentou o proprietário do galpão.

Ele revelou ainda que, em princípio, a Polícia Civil informou que a suspeita é que o incêndio no galpão tenha sido criminoso. O estabelecimento, que estava com Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) em dia, funcionava na rua Maria Amélia Macedo havia 12 anos. 

"Eles disseram que encontraram ao menos quatro focos de incêndio, o que caracterizaria uma ação criminosa. Porém, eles ainda estão investigando e nos disseram que vão emitir um laudo. A data, contudo, não foi informada ainda", revelou o empresário.

Investigações

A Polícia Civil informou que, para determinar as causas e as circunstâncias dos incêndios, aguarda a conclusão dos laudos periciais. No incêndio ocorrido no bairro Chácara, a corporação declarou que aguarda o findar do trabalho de rescaldo pelo Corpo de Bombeiros Militar para realizar a coleta de vestígios e os elementos que irão subsidiar a investigação. 

Sobre as ocorrências registradas na Ascapel e na empresa de material plástico no Citrolândia, a Polícia Civil informou que espera a conclusão de laudos periciais para atestar as circunstâncias e as causas do incêndio. 

"Cumpre salientar que os trabalhos de polícia judiciária seguem em andamento para apurar se há indícios de ação criminosa e, caso afirmativo, identificar, localizar e responsabilizar possíveis suspeitos", salientou a corporação por meio de nota.

A Polícia Civil orienta todo cidadão que tiver qualquer tipo de  informação sobre os incêndios que contribua com as investigações ligando para o canal do Disque-Denúncia Unificado - 181, em que o sigilo do denunciante é garantido.

Apoio

Já a Prefeitura de Betim declarou, por meio de nota, estar à disposição dos órgãos competentes para fornecer quaisquer subsídios necessários à realização das investigações.

Com Iêva Tatiana, Marcio Antunes, Nelson Batista e Sara Lira