DENÚNCIA

Moradores da região da Várzea das Flores alegam ação irregular de esportistas nas trilhas

De acordo com proprietários de terrenos no local, “passagens” foram criadas por ciclistas e motociclistas sem autorização

Por Cledemar Duarte

Publicado em 28 de março de 2025 | 12:04

 
 
Segundo moradores, os esportistas cortam as cercas e interferem nas nascentes Segundo moradores, os esportistas cortam as cercas e interferem nas nascentes Foto: Cledemar Duarte

“Lugares aonde íamos de carro hoje não conseguimos ir nem a cavalo”. É com essas palavras que um dos moradores da região da represa Vargem das Flores define o resultado de ações de esportistas praticadas em um trecho na mata situada entre Betim e Contagem. O local possui diversas trilhas que são utilizadas por ciclistas e motociclistas.

Um dos moradores mais antigos da região, o senhor Waldemar Diniz Souza, de 86 anos, afirma inclusive que, para criarem as trilhas, os esportistas invadiram terrenos particulares, a exemplo do dele. “Eles cortam as cercas, interferem nas nascentes. andam de moto e, agora, estão fazendo estradas para andar de bicicleta. Aquela região está toda degradada. É um trecho de Betim e Contagem”, diz. O fotógrafo Adilson Dutra, que também mora na região, corrobora a denúncia do senhor Waldemar e ainda pontua uma das consequências da ação para o meio ambiente. “Com a ação dos esportistas, a terra foi parar dentro da lagoa”.

Os moradores alegam que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) já foi acionado e chegou a visitar o local. Porém, até o momento, nenhuma providência foi tomada, segundo eles. A reportagem procurou o órgão federal para confirmar a denúncia, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno. 

Segundo a Prefeitura de Betim, os locais citados pelos moradores não estão mapeados. Ainda de acordo com o município, pelo fato de se tratar de imóveis rurais, seria necessário fazer levantamento topográfico e georreferenciamento para identificar os limites. Questionada sobre registro de invasões no local, a prefeitura informou que nenhuma ocorrência foi registrada junto à Guarda Municipal.

A Associação dos Ciclistas de Betim (ACB), que divulgou recentemente a ação de revitalização de trilhas na região da represa, alegou que o trecho que recebeu a iniciativa seria de propriedade da Copasa. Contudo, por meio de nota, a companhia informou que o local das trilhas não lhe pertence.

Também em nota, a ACB ressaltou que “as ações conduzidas pela associação, que não podem ser denominadas intervenções, ocorreram exclusivamente próximo da região conhecida como ‘Cratera da Lua’, uma área aberta, sem cercamento ou qualquer sinalização indicando propriedade particular”.

“Ressaltamos ainda que a iniciativa dos ciclistas não envolveu criação de novas trilhas nem a remoção de vegetação, se limitando a pequenos ajustes em trilhas já existentes há décadas com o objetivo de garantir mais segurança para quem transita pelo local. A ação foi realizada com responsabilidade ambiental, total preservação do ecossistema e sem qualquer impacto negativo, o que é do interesse dos próprios ciclistas”, diz outro trecho da nota.

Confira a nota da Associação dos Ciclistas de Betim na íntegra:

“Diante das alegações de que ciclistas teriam realizado intervenções em uma área de propriedade privada, nas trilhas próximas à Lagoa Várzea das Flores, especificamente na região da divisa entre Betim e Contagem, a Associação dos Ciclistas de Betim (ACB) esclarece que não realizou nenhuma ação nesse local citado.

As ações conduzidas pela ACB, que não podem ser denominadas intervenções, ocorreram exclusivamente próximo da região conhecida como "Cratera da Lua", uma área aberta, sem cercamento ou qualquer sinalização indicando propriedade particular.

Ressaltamos ainda que a iniciativa dos ciclistas não envolveu criação de novas trilhas, nem a remoção de vegetação, se limitando a pequenos ajustes em trilhas já existentes há décadas com o objetivo de garantir mais segurança para quem transita pelo local. A ação foi realizada com responsabilidade ambiental, total preservação do ecossistema e sem qualquer impacto negativo, o que é do interesse dos próprios ciclistas.

A ACB reafirma seu compromisso com a preservação ambiental e o uso sustentável das trilhas, sempre respeitando a legislação vigente e os direitos dos proprietários das terras na região.

Qualquer movimentação que, eventualmente, tenha ocorrido de modo diverso do ora exposto não diz respeito às ações que a ACB incentive, participe ou venha a participar.

Cônscios da compreensão dos envolvidos e à disposição para quaisquer outros esclarecimentos”.