ALERTA

Casos de mão-pé-boca são notificados em 27 creches de Betim

Síndrome é altamente contagiosa e afeta principalmente crianças menores de 5 anos; instituições estão sendo monitoradas pela Saúde

Por Lisley Alvarenga

Publicado em 12 de abril de 2025 | 09:00

 
 
Bernardo, de 1 ano e 8 meses, e Eva, de 2, tiveram febre alta e várias lesões pelo corpo Bernardo, de 1 ano e 8 meses, e Eva, de 2, tiveram febre alta e várias lesões pelo corpo Foto: Arquivo pessoal

Quando Bernardo, de 1 ano e 8 meses, apresentou os primeiros sinais da síndrome mão-pé-boca, doença altamente contagiosa causada pelo vírus Coxsackie e que afeta principalmente crianças menores de 5 anos, a advogada Gracielle Barbosa, de 38 anos, ainda não sabia da existência dessa doença. Inicialmente, em razão das bolinhas que a criança tinha no corpo, a mãe suspeitou que pudesse ser catapora. Depois, quando ele perdeu o apetite e teve febre alta, ela acreditou que pudesse ter relação com a dentição. 

“Foi então que as bolinhas começaram a estourar, e a escolinha em que ele estuda mandou uma mensagem informando que lá estava com surto de mão-pé-boca. Levamos ele ao médico e iniciamos imediatamente a medicação. Mas, mesmo assim, meu filho sofreu muito. Sentia muita dor e coceiras. As lesões estouraram nas genitais, na boca, nas mãos, na sola dos pés e na palma das mãos dele”, conta. 

O caso de Bernardo não foi isolado em Betim. Desde fevereiro, a prefeitura tem recebido diversos comunicados de surtos de doença mão-pé-boca em instituições de ensino do município. Ao todo, até essa quinta (10), 27 creches de diferentes regiões notificaram casos da enfermidade. 

Segundo a Secretaria de Saúde, essas notificações estão em processo de investigação pela Vigilância em Saúde, e visitas têm sido feitas pela equipe técnica nos locais com casos suspeitos no município. 

Epidemióloga da Rede SUS Betim, Thais de Caux explica que é comum que ocorram surtos sazonais da síndrome da primavera ao outono. De acordo com a especialista, casos individuais da doença não são de notificação compulsória, o que significa que não há a obrigatoriedade de os serviços de saúde e de as secretarias municipais informarem cada diagnóstico feito. 

“No entanto, ocorrências de dois ou mais casos em uma mesma instituição ou em um ambiente de convivência são de notificação imediata e obrigatória. Embora os casos ocorram com frequência em creches e escolas, foi apenas a partir da disseminação da obrigatoriedade da notificação de surtos nos últimos anos que as instituições passaram a comunicar seus casos. Por essa razão, eles têm chegado ao conhecimento das autoridades de saúde, o que oportuniza a investigação adequada”, frisa Thais.

Assim que a escola da pequena Eva, de 2 anos, tomou ciência que a garotinha estava com mão-pé-boca, informou aos demais pais da instituição e implementou diretrizes para minimizar a contaminação cruzada na escolinha. Segundo a mãe, a farmacêutica e bioquímica Nathalia Alves de Paula, de 32 anos, a filha, depois de chegar da escolinha, começou a ter aumento de temperatura, e, no dia seguinte, ficou prostrada, salivava muito e apresentou bolinhas na boca. 

“No terceiro dia, as manchas aumentaram e se alastraram pelos braços, pelas pernas e pelos órgãos íntimos. Para amenizar os sintomas, levei ela pra realizar a laserterapia, após indicação de uma profissional de enfermagem. Ela foi medicada, e o procedimento ajudou muito a melhorar os sintomas dela”, diz.

Crianças com sintomas de mão-pé-boca devem ser afastadas das atividades escolares de cinco a sete dias, até o desaparecimento deles, a fim de evitar a disseminação da doença. Embora não haja indicação específica do Ministério da Saúde para suspensão das atividades das escolas e das creches quando há notificações da doença nessa instituição, a interrupção das aulas pode ser indicada pela Vigilância em Saúde em casos específicos.
 
Em Betim, a Secretaria Municipal de Saúde informou que, até o momento, não há orientação para que uma dessas instituições de ensinos seja fechada de forma provisória. 

Transmissão

O período de incubação da síndrome mão-pé-boca é curto – geralmente de três a seis dias –, mas, nessa fase, a pessoa já transmite o vírus. E, mesmo após a cura, ela pode transmitir o vírus por meio das fezes por até oito semanas. Bolhas surgem em geral nas mãos, nos pés e na boca, embora as nádegas e as partes genitais possam ser acometidas. Os infectados podem apresentar mal-estar, falta de apetite, vômito e diarreia. É importante, entretanto, ficar atento: nem sempre a doença manifestará todos os sintomas. 

“A complicação mais comum para quem é acometido pela doença é a desidratação secundária à dificuldade de ingestão de alimentos e líquidos devido às lesões na boca. Porém, uma pequena proporção de crianças pode apresentar complicações graves, como meningite, encefalite, paralisia flácida aguda e síndrome neurorrespiratória”, alerta Thais.