A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), por meio da operação Arcanjo, prendeu, na manhã desta quarta-feira (23 de abril), três homens — dois em Belo Horizonte e um em Betim, na região metropolitana da capital mineira. Dois deles já foram condenados: um a 15 anos e meio de prisão, e outro a 13 anos e 4 meses. O terceiro foi preso preventivamente. Todos são acusados pelo crime de estupro de vulnerável.
Uma das prisões ocorreu no bairro Tupi, região Norte de Belo Horizonte. O homem, de 29 anos, era padrasto da vítima quando ocorreram os abusos. O crime foi denunciado em 2019, quando a menina tinha 7 anos. "Ele era padrasto da vítima, viveu com a mãe por 4 anos", explicou a delegada Thais Degani, responsável pela prisão.
Segundo a delegada, o crime foi investigado e o inquérito finalizado ainda em 2019, mas a condenação só ocorreu em 2025. Degani informou que, devido à idade da vítima, não foi possível determinar exatamente o período dos abusos, mas a suspeita é de que tenham ocorrido durante todo o tempo em que o homem conviveu com a mãe da menina. "A menina e nem a mãe souberam dizer por quanto tempo e quantas vezes ela sofreu esses abusos. Acreditamos que foi de 3 a 4 anos, o período que ele esteve com a mãe. Ela disse que acontecia quando a mãe não estava em casa", afirmou Degani.
Sobre como o crime foi descoberto, a delegada contou que a vítima relatou os abusos à mãe após uma briga do casal, que resultou na saída do homem de casa. "Um dia o casal brigou, e por isso ele saiu de casa. Foi quando a criança contou para a mãe sobre os abusos", completou a delegada.
O homem foi condenado a 13 anos e quatro meses de prisão por estupro de vulnerável.
A segunda prisão aconteceu em Betim, também na manhã desta quarta-feira (23). O homem, de 57 anos, foi detido na casa onde morava. Conforme relatado pela delegada Fernanda Fiúza, responsável pelo caso, ele era irmão do padrasto da vítima, uma menina que tinha 11 anos na época. O crime também ocorreu em 2019.
De acordo com a delegada, o homem costumava passar alguns dias na casa do irmão sob o pretexto de ajudar em reformas, momento em que cometia os abusos. "Tinha o hábito de passar o final de semana com a desculpa de ajudar na casa pintando e fazendo serviços de reforma", disse.
Segundo Fiúza, quem suspeitou da conduta do homem foi a avó materna da criança. Ela alertou a mãe da menina, que passou a observá-lo. A mãe, então, pediu que a filha mais velha conversasse com a vítima para tentar entender se algo estava acontecendo. Foi quando a criança relatou os abusos.
"A avó percebeu que ele ficava muito atrás da menina e falou com a mãe para observar. A mãe pediu para a filha mais velha tentar conversar para ver se havia algo e a menina relatou toda a exploração sexual que sofria", explicou.
No depoimento, a menina contou que os abusos começaram em janeiro, no dia do seu aniversário, e só cessaram em julho, quando denunciou o caso. "Ela frisou que o primeiro abuso ocorreu no dia do seu aniversário, em janeiro, e só finalizou quando ela contou para a irmã", destacou Fiúza.
Ainda conforme a delegada, o homem ameaçava a vítima para que ela não revelasse os abusos. "Ele ameaçava a criança dizendo que já tinha matado outras pessoas, inventava histórias", afirmou.
Ele foi condenado a 15 anos e meio de prisão por estupro de vulnerável.
A terceira prisão da operação Arcanjo foi de um homem de 68 anos, aposentado. Ele foi preso preventivamente, também pelo crime de estupro de vulnerável. A vítima é uma criança que, à época, tinha 9 anos. O crime aconteceu em janeiro de 2023, no bairro Beija-Flor, região Nordeste de Belo Horizonte. O suspeito foi preso em casa, na manhã desta quarta-feira (23).
Segundo a delegada Thaís Degani, a menina estava brincando na rua com os primos quando foi abordada pelo homem, que ofereceu balas. Em seguida, ele a agarrou, beijou e passou as mãos pelo corpo da criança. "A menina estava brincando na rua com seus primos. O homem se aproximou da vítima oferecendo bala, logo ele começou a agarrar, beijar e passar as mãos no corpo da menina", explicou Degani.
De acordo com a delegada, os primos, também crianças, viram a situação e confrontaram o homem, que reagiu com ameaças. "Os primos que estavam perto viram a situação e começaram a confrontar o homem. Ele sacou uma faca e ameaçou as crianças. Em seguida, fugiu, mas foi preso em flagrante", afirmou.
Ao serem questionados sobre o fato de o crime ter ocorrido em 2023 e o homem ter tido a prisão preventiva decretada apenas agora, o delegado Diego Lopes explicou que o indiciamento também ocorreu em janeiro de 2023, mas que ele estava em liberdade provisória devido à idade avançada. “Não podemos afirmar com certeza, mas ele deve ter descumprido alguma das medidas cautelares”, disse o delegado.
Segundo a delegada Danúbia Quadros, a primeira fase da Operação Arcanjo marca o início das ações do Maio Laranja — campanha do Governo Federal dedicada ao combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, instituída por lei. A delegada explica que é fundamental levar informações e promover palestras nas escolas, para que as crianças reconheçam situações de abuso e saibam como denunciar.
“Muitas vezes, a criança não sabe que está sendo vítima. Por isso, a campanha é tão importante: para que essas situações sejam denunciadas”, destacou.