O Museu Mineiro, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, expõem até o dia 27 de abril a mostra “Preciosidades do Acervo: Oratórios”, um conjunto de oratórios datados dos séculos 17 ao 19, cujo valor estético impressiona pela riqueza de detalhes, independentemente da fé professada pelos visitantes.
“É sempre uma experiência gratificante para a equipe do museu poder expor objetos que estiveram guardados por algum tempo. Uma exposição é sempre uma oportunidade de trazer ao público parte do conhecimento e da experiência que estiveram restritas aos profissionais do museu ou a estudiosos do acervo”, diz Vinícius Duarte, historiador e coordenador do Museu Mineiro.
“Preciosidades do Acervo: Oratórios” faz parte da programação do Minas Santa 2014, realizado pelo Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult).
Nesta exposição, os oratórios se projetam com o protagonismo que lhes é devido, apesar de serem considerados por alguns como mero complemento de imagens e conjuntos de arte sacra.
A mostra se configura, de certa forma, como uma extensão da exposição de longa duração “Minas das Artes, Histórias Gerais”, estabelecendo um diálogo com a coleção de imaginária religiosa exposta na sala das colunas.
Formatos e finalidades
Os oratórios podem assumir diversos formatos em função da finalidade para os quais foram produzidos. Os oratórios de tipo maquineta se apresentam sob a forma de caixas retangulares lisas ou chanfradas, produzidos em madeira e vidro, e decorados externamente com elementos curvilíneos e rocalhas.
O interior desses oratórios é geralmente policromado e pode apresentar subdivisões em níveis: na base, apresentam uma cena da natividade ou presépio e, na parte superior, a representação do calvário. Em alguns casos, trazem ainda imagens dos santos de devoção pessoal de seus antigos proprietários.
Há, ainda, o oratório de salão, espécie de móvel desenvolvido para ser colocado sobre uma mesa, prestando-se a atender às demandas de devoção familiar.
São oratórios de grandes proporções que se assemelham a retábulos, podendo apresentar um sacrário e nichos para a inserção de santos.
Nesta exposição, a equipe curatorial formada por Vinícius Duarte, Saulo Marques e Deise Silveira, funcionários e pesquisadores do acervo do museu, optou por não inserir santos nos nichos dos oratórios de salão.
A proposta é possibilitar a apreciação do oratório individualmente, incitando os visitantes a observarem detalhes da confecção destes objetos, tanto da fatura da madeira quanto da policromia que apresentam em seu interior ou externamente.
Reserva técnica
A reserva técnica do Museu Mineiro reúne centenas de objetos de diferentes tipologias: pinturas, gravuras, desenhos, medalhas, moedas, esculturas, móveis, objetos de uso pessoal, achados arqueológicos e uma infinidade de outras peças.
Muitos destes objetos já estiveram expostos em outras circunstâncias, tanto no Museu Mineiro quanto em outras instituições congêneres do Brasil e do exterior que, vez por outra, solicitam peças para compor exposições temáticas em suas galerias.
O fato de um objeto do acervo não estar exposto não quer dizer, em definitivo, que ele não tenha valor histórico, artístico ou cultural. Pelo contrário, muitas vezes, objetos excessivamente preciosos ou delicados podem não figurar numa mostra justamente por exigir, por exemplo, equipamentos que reproduzem condições climáticas e de luminosidade muito diferentes daquelas do ambiente natural.
“Várias razões levam esses objetos a não estarem em exposições de longa duração: seu estado de conservação, a falta de espaços expositivos suficientes para expor todo o acervo, o fato de não terem sido selecionados pela curadoria para compor a mostra ou o fato de não dialogarem diretamente com esta ou aquela proposta expositiva, por exemplo”, explica Vinícius Duarte.
Conheça o Museu Mineiro
Inaugurado em 1982, o Museu Mineiro reúne em seu acervo um conjunto bastante diversificado de objetos referentes à história e à produção cultural e artística mineiras.
Nas salas de exposição são exibidas obras de artistas consagrados, como Manoel da Costa Ataíde, Yara Tupynambá, Amílcarde Castro, Jeanne Milde, Inimá de Paula, Lótus Lobo, Celso Renato, Sara Ávila, Guignard, Maria Helena Andrés, Di Cavalcanti, entre outros.
Atualmente, o museu exibe a exposição de longa duração “Minas das Artes, Histórias Gerais”, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer uma vasta coleção de arte sacra, datada dos séculos 18 e 19, além de preciosidades do acervo, como a bandeira da Inconfidência Mineira, os manuscritos originais da obra “Tutaméia” de Guimarães Rosa, o retrato de Aleijadinho e a coleção de santos de devoção popular.