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Exposição com maquete de favela retrata obra musical de Celso Moretti

Mostra pode ser vista gratuitamente no museu Paulo Gontijo, em Betim, até o dia 31 de julho

Por Lisley Alvarenga

Publicado em 17 de julho de 2024 | 12:13

 
 
Obra de arte foi construída durante dois anos e utilizou materiais recicláveis, como papelão, restos de tinta de parede, arames e cola Obra de arte foi construída durante dois anos e utilizou materiais recicláveis, como papelão, restos de tinta de parede, arames e cola Foto: Josilene Vieira

Um olhar definitivo de Nôxa Alvarenga sobre a obra musical de Celso Moretti. Essa é a proposta da exposição Favela Negra, assinada pelo heterônimo – perfil fictício – do músico, cantor e compositor de reggae mineiro, que pode ser visitada gratuitamente, até o dia 31 de julho, no Museu Paulo Araújo Moreira Gontijo, localizado no Centro de Betim. 

A maquete de grandes dimensões feita por Nôxa retrata o cenário de uma favela brasileira e foi produzida pelo heterônimo durante o período da pandemia. A obra de arte busca materializar a música e os 44 anos da carreira de Moretti, um dos precursores do reggae em Minas. Para isso, seu heterônimo construiu um aglomerado de barracos, composto por becos e escadas, e utilizou-se de materiais recicláveis, como papelão, restos de tinta de parede, arames e cola.

“Me senti muito bem representado com a maquete criada por Nôxa. A obra me traz memórias da minha infância e da minha juventude, período em que eu era morador da favela Vila Nova Brasília, em Contagem, demolida posteriormente para dar lugar a Estação do Metrô Eldorado”, recordou Moretti.

Já o título da exposição, Favela Negra, foi inspirada em uma das músicas do artista mineiro do álbum Reggae Favela Periferia, que tem a participação e coautoria do professor, historiador, filósofo e representante da militância negra Marcos Cardoso.

Moretti detalhou ainda que Favela Negra, projeto financiado pela Lei Paulo Gustavo, do governo federal, é um retrato tridimensional das famílias que vivem em aglomerados no Brasil e que clamam por respeito e igualdade.

“A obra se impõe com suas verdades e mostra nela, representados por miniaturas de pessoas, a maioria do povo negro concentrado nas periferias dos grandes centros urbanos. Mas, na obra, é respeitada a cota de 20% de brancos. É uma peça reflexiva, que não opina, só retrata”, finalizou o artista.

Estudante da Escola Estadual Professora Lourdes Bernadete da Silva, localizado no Teresópolis, maior aglomerado do Estado, Marcos Antônio Celestino Alves, de 16 anos, afirmou que a exposição representa verdadeiramente o que a comunidade vive. “Essa obra de arte mostra a favela do jeito que ela é, com seus pros e contras”, declarou.