Na era da informação instantânea e das redes sociais onipresentes, a política muitas vezes é vítima de um fenômeno preocupante: a ridicularização por meio de excessos na internet.
Os memes, frequentemente utilizados para atrair cliques e uma audiência não qualificada, transformam a política e os eleitores em meros participantes de um programa de auditório, onde o entretenimento supera a mensagem.
Os memes políticos, muitas vezes construídos para gerar risos rápidos e compartilhamentos fáceis, obscurecem a complexidade dos problemas de uma cidade como Betim, por exemplo, e deixam raso o debate público.
Ao priorizar a obtenção de likes e compartilhamentos, os criadores de memes sacrificam a precisão e a profundidade em favor da gratificação instantânea.
Essa vulgarização para obter likes e visualizações contribui para a erosão da confiança nas instituições democráticas. Ao transformar questões sérias em esquetes humorísticas, os memes políticos correm o risco de desencorajar o engajamento cívico e promover uma cultura de cinismo e futilidade.
Embora seja compreensível que os pretendentes a cargos públicos busquem aumentar a sua visibilidade digital e utilizar as redes sociais como ferramenta de propaganda eleitoral, é crucial que o façam de maneira responsável. A disseminação de memes que tratam a política como uma piada, banaliza o processo e mina a credibilidade da política, já em baixa entre os aspirantes a políticos.
Mas, para combater essa tendência de ridicularização da política na internet, é essencial investir em educação para o pensamento crítico. Os eleitores deveriam ser capacitados a discernir entre informações de qualidade e conteúdo projetado para atrair cliques fáceis.
Em última análise, a responsabilidade recai sobre todos nós: criadores e consumidores de conteúdo de mídia e, principalmente, sobre os líderes políticos. Devemos incentivar a uma atitude digital que promova o debate civilizado, a troca de ideias substanciais e o respeito com quem é obrigado a assistir tamanhas obscenidades.
A política não é um espetáculo, mas um compromisso cívico sério que merece ser tratado com respeito. Memes, desde que feitos com bom senso, são muito bem-vindos para a diversão. Para a política, não. Para a política, é necessário se valer de propostas e da capacidade de gestão. Afinal, quem tem tempo de interpretar uma espécie de “Zé do Caixão” é porque não tem coisa mais importante para fazer.