OPINIÃO

O caminho do precipício

Alertar os filhos sobre as drogas é importante

Por Laura Medioli
Publicado em 27 de dezembro de 2024 | 21:48
 
 
Como se não bastasse a desgraça do crack, da cocaína, LSD, etc., etc., surgiu agora o K9

Como se não bastasse a desgraça do crack, da cocaína, LSD, etc., etc., surgiu agora o K9. Segundo matéria de O TEMPO, trata-se de uma substância sintética que traz várias complicações neurológicas, como o efeito zumbi, o aumento da agressividade e da dependência. O negócio é tão feio que nem as facções criminosas do tráfico querem saber dele. De acordo com a matéria do jornal, em entrevistas realizadas na cracolândia de Belo horizonte, até mesmo os dependentes de crack o temem, por seu efeito devastador. Mas, infelizmente, já está sendo uma realidade em nosso país.

Coincidentemente, na mesma semana em que li a primeira matéria sobre o assunto, que até então desconhecia, escutei de minha cozinheira: “Laurinha, hoje, no ponto de ônibus, tinha uns seis meninos fumando crack e maconha. E, no meio deles, uma menina que deve ter uns 10 anos”.

Não é difícil imaginar o destino dessas crianças.

Dificilmente chegarão aos 30. A garota, com seu corpo de menina, provavelmente, em pouco tempo, carregará no ventre, ainda em formação, outra criança. Sem condições físicas e psicológicas, seu fardo será pesado. Mães e filhos do vício... Culpados? Não; vítimas, acima de tudo.

E vem aquela sensação de impotência perante uma força que desconhecemos. O poço das drogas é bem mais fundo do que imaginamos. Além das vítimas, faz desmoronar a família, o trabalho, a dignidade.

“Democrática”, ela atinge todas as raças e classes sociais, muitas vezes num caminho sem volta.

O filho de uma amiga, jovem de classe média-alta, vem me contar da nova moda nas baladas. Assustado com a quase morte de um colega, repreende os companheiros que não se satisfazem apenas com bebida e entram de cabeça nas chamadas “drogas sintéticas”, oferecidas como “doces” ou “balas”, ou seja, ecstasy e LSD, muitas vezes adulteradas, trazendo riscos ainda maiores.

“O cara fica muito doido, não quer parar de dançar, fala que nem um condenado e ainda mistura com álcool, potencializando os efeitos”, me explica com precisão o que vivencia em alguns fins de semana com a turma.

“Um conhecido meu estava tão maluco e agitado que, de repente, caiu no chão tendo convulsões. Ou levou gato por lebre, ou, então, misturou demais... As pessoas andam meio sem noção”. Pergunto se os pais desconfiam que seus filhos estejam consumindo alucinógenos. Ele me diz que a maioria, não. Acreditam que aquela ressaca, no dia seguinte, foi consequência da mistura de bebidas.

Alertar os filhos sobre as drogas é importante. Aproveitar a deixa de um noticiário na TV ou jornal talvez seja o momento ideal para introduzir o assunto, demonstrando com exemplos e fatos concretos os riscos e os prejuízos que elas podem acarretar. Não em tom de repressão, mas numa linguagem direta, de quem também já foi jovem um dia e sabe das curiosidades e das tentações. Afinal, qual jovem nunca tomou um porre ou experimentou um baseado? Poucos, muito poucos, garanto.

Por isso a atenção e a participação dos pais, principalmente com os adolescentes, devem ser uma constante. E, antes de xingar ou reprimir nossos jovens, vamos conversar, com calma e naturalidade, porque um bom diálogo pode valer bem mais que uma bronca homérica. Alertá-los de que a subida para o mundo das drogas não é longa, mas o precipício que se segue a ela, além de profundo, pode ser fatal.

Só espero que o tráfico não mude de ideia, pois, caso entenda que essa droga seja interessante financeiramente, ela acabará se alastrando, como foi com o crack. Aí, sim, será o fim do mundo!