TEMA INADIÁVEL

A visão de uma empreendedora sobre o fim da escala 6x1

PEC é importante, mas precisa de emendas que tragam soluções para trabalhadores e empreendedores

Por Shirlei Miranda

Publicado em 18 de novembro de 2024 | 09:00

 
 
Deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) tem recolhido assinaturas para protocolar uma PEC que prevê o fim da escala 6×1,  ou seja, de uma folga a cada seis dias de trabalho Deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) tem recolhido assinaturas para protocolar uma PEC que prevê o fim da escala 6×1, ou seja, de uma folga a cada seis dias de trabalho Foto: Pexels/Divulgação
Shirlei Miranda
Colunista de Opinião
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Um dos temas mais debatidos no momento no Brasil é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) contra a escala 6x1, um assunto que é bem mais complexo do que estão tentando mostrar. 

De um lado, temos os trabalhadores, que possuem apenas um dia da semana para descansar e recuperar as energias para retornar a exaustiva rotina de trabalho. Contudo, esse único dia da semana é, na verdade, usado para resolver pendências da vida cotidiana. 

Para as mulheres, essa rotina é ainda mais cansativa, pois diariamente elas precisam cuidar da casa e dos filhos, e, normalmente, usam esse dia de “folga” para cuidar de tudo que não conseguiram ao longo dos outros seis. No fim, acabam iniciando a semana ainda mais fatigadas e aguardando ansiosamente pelas tão sonhadas férias.

Por outro lado, temos o empreendedor que, em sua grande maioria, é formada por micro e pequenas empresas responsáveis pela maior parte esmagadora de geração de empregos no Brasil - segundo um levantamento de 2023 do Sebrae, esses negócios geram 80% dos empregos formais no país.

O que muita gente não sabe é que um empregado custa muito caro para o empreendedor. Afinal, a remuneração desses trabalhadores não é composta apenas pelo salário, vai muito além.

De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a Confederação Nacional das Indústrias, realizada em 2012, o custo de um funcionário pode chegar a 183% do salário bruto para uma empresa. Isso acontece, pois as despesas pagas ao governo correspondem a cerca de 70% do custo total de um empregado.

Para uma empresa que fatura milhões por mês, essa conta pode até fechar. No entanto, quando olhamos para o mercadinho da esquina, para a loja de roupa do seu bairro ou para a lanchonete da sua rua que seu filho ama, percebemos que manter o caixa positivo está cada vez mais difícil. Imagine, se precisar contratar mais funcionários? Seria impossível manter o pequeno negócio funcionando.

Mas isso não significa que estamos contra os trabalhadores. Pelo contrário. No meu caso, enquanto empreendedora, sei que é preciso mudar a jornada de trabalho e proporcionar mais tempo para o lazer e a qualidade de vida dos colaboradores. As pessoas precisam viver mais e não apenas sobreviver. 

Para isso acontecer, é preciso pressionar o governo a abrir mão também de uma parte dos tributos cobrados das empresas. Não basta apenas pressionar (ainda mais) os empreendedores. Todos precisamos ceder para a economia poder, finalmente, voltar a crescer. 

A PEC é importante, mas precisa de emendas que tragam soluções para os dois lados. Apenas com essa união será possível, não apenas manter os empregos, mas gerar ainda mais oportunidades de trabalho.