OPINIÃO

Domínio de si mesmo

O homem de vontade é tolerante, respeitoso, nunca passivo ou indiferente

Por Vittorio Medioli
Publicado em 15 de dezembro de 2024 | 10:25
 
 
Homem de costas em estrada

O que predomina no homem de vontade é o domínio de si mesmo. Quem pertence a essa categoria humana controla um sentido poderoso de responsabilidade, age assim com firmeza ante as circunstâncias da vida e não se deixa dobrar facilmente ou se levar pela ânsia de sucessos mundanos.

Valoriza mais o ideal que a conta bancária, mais a sinceridade que as palavras rebuscadas. Sabe que deste mundo nada levará a não ser os méritos de seu esforço. Tem noção que vem de um infinito e a outro está destinado. Respeita a vida no animal, na planta, na água e em todo o sistema. Abomina o sofrimento e a injustiça e se levanta sempre que pode diminuí-las.

É tolerante, respeitoso, nunca passivo ou indiferente. Suporta e aguarda a hora em que a justiça divina se cumpra com perfeição.

É inclinado naturalmente para ações positivas, persegue o bem em tudo. Costuma avançar na crista da onda, enfrenta a vida como um desafio que lhe foi dado de viver. Não se entrega à ociosidade nem à indiferença. Sabe silenciar por longo tempo para escutar melhor o que tem de mais sutil e profundo.

Para esse tipo de homem, no xadrez da vida existe um contínuo plano de evolução que se realiza em cada momento. Não se assombra com as forças adversas e entra em ação quando as próprias lhe garantem promover o progresso.

Aprendeu a jejuar, sofrer em silêncio, agradecer as quedas, não odiar os inimigos, guardar energias para o momento certo, manter a concentração e a fé na justiça divina.

É quase invencível, pois a vitória que persegue não é para ele nem para satisfazer vaidades, mas para uma causa que reputa justa. Aprendeu a ver na derrota o aprendizado para vencer.

Ele, independentemente do berço e da família que lhe deu origem, dos estudos e dos diplomas, chega ao comando de um exército. É um homem universal, místico, marcial, estoico, dotado de pureza, utopia, audácia e destemor.

Segundo o mago, esse homem se ergue como fortaleza, não se abala com ofensas, contempla amistosamente a decadência e as alternâncias. Sai vitorioso das derrotas. Não se deprime frente à morte, que considera o início de uma vida mais importante que a terrena, não se desorienta.

 
Sabe que o ideal, quando justo, nunca se perde, persiste e escorre como águas de um rio correndo ao mar. Sabe se livrar das coisas inúteis e velhas, doar sem pedir em troca, desfazer-se do supérfluo como o cão que retira a água de seu corpo ao sair do rio.

Dispõe-se a começar nova empreitada, de mãos livres e olho na meta. Considera a austeridade não um fim, mas um dever, uma virtude imprescindível. Ele decide confiando nos princípios, tem a rapidez da intuição, é prático, não se deixa vencer pelo oportunismo, não se vende nem por um cofre cheio de ouro e pedras preciosas.

Seu caráter se inspira nos antigos estoicos, na dignidade das ações que se transformam em bons exemplos. Enxerga com clareza a relação entre os métodos e os resultados. Não suja as mãos. Não se deixa cair em tentações.

Ele é solidamente senhor de si mesmo, superior à dor e à tristeza, ao vil metal. Quando empreende uma justa caminhada, avança sem medo, desfruta de cada instante da existência como fosse uma oportunidade de melhorar a humanidade. É homem tão raro quanto imprescindível entre nós.

É um ser eminente que se libertou da pequenez, dos vícios. Quando aparece um, os milagres acontecem como aconteceram na Índia com Gandhi, homem que mereceu o título de Mahatma, ou Grande Alma.