COLUNA

Domingo de Ramos

Para os antigos gregos, a palavra Cristo significava “Ungido (pelos Deuses)”, que não destoa de Suprema Verdade Absoluta

Por Vittorio Medioli

Publicado em 27 de março de 2024 | 13:01

 
 
Foto: Reprodução Internet
Vittorio Medioli
Colunista de Opinião
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O Domingo de Ramos inicia a Semana Santa, que precede o Domingo de Páscoa. Para os cristãos a data por excelência, é o dia em que ressuscita depois da crucificação o Filho de Maria, que em José teve um pai putativo, ou seja, que se suponha ser o que não é.

Precisamos voltar mais de 5.000 anos e analisar a biografia de Krishna, o Salvador descrito nos Puranas, livros sagrados do hinduísmo, para entender por que Jesus se transformou em Cristo no fim de sua vida.

A palavra “krish”, em sânscrito, representa a característica atrativa da existência divina, e “na” significa “prazer espiritual”. Quando o verbo “krish” é adicionado ao “na”, ele se torna Krishna, o Salvador Hindu, cultuado por milhões de devotos no Oriente e no resto do mundo, e que indica a Suprema Verdade Absoluta. Cristo, podemos defini-lo como a Suprema Verdade dos cristãos, aquele que indicou da forma mais poderosa a via a ser seguida para conquistar o Reino do Céu, o Paraíso, a eterna bem-aventurança.

De acordo com o Bagavata Purana, Krishna nasceu sem uma união sexual, exatamente como Jesus, mas por meio da “transmissão mental” iogue da mente de Vasudeva no ventre de Devake. Baseado em dados das Escrituras e cálculos astrológicos, a data de nascimento de Krishna, conhecida como Janmastami (Natal), é o dia 18 de julho de 3228 a.C.

Krishna pertencia ao clã Vrixeni dos Iadavas, de Matura, capital dos clãs Vrixeni, Andaca e Boja. Foi o oitavo filho da princesa Devaki. 

A saga durou 126 anos, e a ele se atribui um corpo espiritual não perecível, imortal. Contudo, depois de uma existência oceânica, num episódio trágico que se abateu sobre seu povo, Krishna se retirou para a floresta e se sentou debaixo de uma árvore em profunda meditação (samadhi). Um caçador chamado Jara confundiu Krishna com um veado e atirou uma flecha que o trespassou e o imobilizou na árvore. Disso, um ferimento “mortal” fez Krishna deixar seu aspecto físico mundano.

Ao ver que tinha ferido Krishna, o caçador ficou muito perturbado e pediu perdão. Krishna, então, respondeu-lhe: “Você era Vali em seu nascimento anterior, e eu era Rama, cuja morte eu provoquei. Você queria se vingar, e, assim, neste meu aparecimento, estou cumprindo seu desejo; tudo isso fazia parte do meu plano”. Dizendo isso, Krishna partiu para Goloca, sua morada celestial.

Segundo as Escrituras hindus, o desaparecimento de Krishna ocorreu na meia-noite de 17 para 18 de fevereiro de 3102 a.C. e marca o fim de Dwapara Yuga e o início de Kali Yuga, a era da hipocrisia e das desavenças, que ainda estamos vivendo.

Devido à presença de Krishna no planeta, o demônio Kali não se atreveu a manifestar-se com toda a sua força. Mas, nesse mesmo dia, Kali – um Lúcifer – entra no mundo na forma do delito de ferir uma vaca – justamente o animal sagrado e preferido de Krishna.

Para os antigos gregos, a palavra Cristo significava “Ungido (pelos Deuses)”, que não destoa de Suprema Verdade Absoluta. O escolhido para revelar aos homens o caminho divino, a redenção, a evolução de suas potencialidades.

Não é por acaso que a Páscoa é um substantivo feminino, e o Natal, masculino. A Pascoa é o primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera (no hemisfério norte, onde Jesus viveu). E a lua, no momento da morte física de Jesus, escondeu o sol num eclipse total.

A lua que roda em volta da terra impera na Pascoa, e o sol fixo em 25 de dezembro é regido pelo Sol, o causador imprescindível à vida, em volta do qual o nosso sistema roda.

O gesto de Jesus, a simbologia e a mística desta semana, que se inicia com o triunfo de Jesus saudado com ramos e festas, como um verdadeiro Deus ao entrar em Jerusalém, deveriam chamar a atenção sobre valores efêmeros de nossa existência e de muitas lutas aparentemente fruto de uma ignorância que precisa ser aclarada pela Suprema Verdade.