Pode ser prematuro imaginar o cenário eleitoral de 2024, pois ainda tem muita água para rolar até as urnas de outubro, mas algumas constatações já surgem no horizonte.
O presidente e os governadores eleitos, grandes influenciadores eleitorais, passam dos primeiros 15 meses da nova gestão, aparentemente sem ter conseguido mostrar resultados especialmente empolgantes.
A recente pesquisa do DATATEMPO realizada na capital mineira mostra que, para o presidente Lula, houve uma inversão de aprovação, de favorável para desfavorável, entre 23 de setembro e 24 abril. Em apenas seis meses, sua aprovação quedou de 52,3% para 42,5%, e a desaprovação subiu de 42,4% para 49,9%; aumentou também o número de pessoas que não quiseram responder.
Se já tinha em setembro uma alarmante desaprovação de 42,5%, em nível que nunca tinha alcançado nos seus governos anteriores, a de agora mostra que metade da população se sente contrariada pelas suas escolhas e decisões. Esperava mais.
Isso ocorre apesar de a economia estar registrando um crescimento, assim como o número de empregos. Estes são, provavelmente, os dois principais fatores de sensibilização da população. Raramente um governante com a economia em expansão e a oferta de empregos sofreu desaprovação ou, como no caso de Lula, dificuldade de transitar nas ruas e praças do país.
Algo mudou? O que mudou na fórmula mágica que regula os humores da população? A população continua com seus apetites e tendências, e de novo surgiram as redes sociais e o bolsonarismo. As primeiras tiraram muito poder dos controladores das notícias e da opinião, o segundo mostrou outra via que exalta valores como a família, a pátria e a ordem. A população evangélica e a católica carismática, além daquela que vive nas ricas fronteiras agrícolas, cresceram significativamente nos últimos 20 anos e encontraram no bolsonarismo, se não a expressão perfeita, uma aproximação do ideal que professam.
Lula continua o mesmo, mas as cicatrizes contraídas na prisão mudaram seu sorriso; seu partido não se renovou e passa por um fenômeno de “perestroika”, de envelhecimento incorrigível, sem mudança ou injeções de juventude.
O cenário dos próximos anos parece favorável aos adversários de Lula, ainda mais com episódios como o desta semana, contra Elon Musk, uma espécie de avatar das novas tecnologias sustentáveis – idolatrado mundialmente por multidões de jovens.
Mais do que riscar os fatores adversos, o governante tem que entendê-los, se aproximar deles e tentar conquistá-los com gestos amigáveis e generosidade.
Pode até ser que a queda de popularidade, a perda das “ruas”, ocupadas por opositores “verde-amarelos”, os processos com viés – data venia – de vingança agravem a situação alarmante detectada nas pesquisas efetuadas em Belo Horizonte e façam das próximas eleições uma manifestação de desagrado com quem representa o antigo contra o moderno. É óbvio que sempre haverá exceções.