De vez em quando, aparece alguém, com um ar de outro mundo, que desce à Terra para acelerar o desenvolvimento humano. Quanto mais adiantados forem seus ensinamentos e ideias, maior será a possibilidade de ser incompreendido, contestado e perseguido. Não se quebram paradigmas impunemente. Três pregos e duas tábuas no alto da colina podem esperar o precursor de ideais.
Leonardo não era compreendido quando desenhava helicópteros; Galileu mal escapou da fogueira por ensinar que a Terra roda em volta do Sol; só depois da morte, Van Gogh foi reconhecido como um gênio da pintura; passaram-se dois séculos da descoberta da luneta antes que ela fosse adotada pelos cientistas; o cristianismo penou 300 anos para ser aceito em Roma, e os cristãos gastaram o mesmo período para se desculpar pelas barbaridades contra índios e negros em terras brasileiras.
Os melhores ideais chegam, levantam polêmicas, atraem raros discípulos e demoram séculos para ser comumente aceitos. A verdade custa a triunfar. Se os últimos serão os primeiros e se a humanidade é sempre a mesma, significa que neste momento os precursores continuam incompreendidos pelas multidões, como no passado.
Ainda não chegou a vez de Helena P. Blavastky, de Charles Leatbeader, de Rudolf Steiner saírem das catacumbas modernas. Das mesmas catacumbas onde o pensamento do italiano Pietro Ubaldi é guardado para dar frutos às próximas gerações.
Esse pensador terminou sua existência aqui, no Brasil, deixando uma obra monumental e fiéis discípulos.
A principal obra de Ubaldi, “A Grande Síntese”, revela os dogmas cristãos, da luz à escuridão que cerca o ser humano, mostra de onde veio e para onde vai. Comprova os laços que ligam o espírito à matéria e mostra como todas as coisas e todos os fenômenos são facetas de uma única e indivisível realidade. Assusta ao sustentar que a dor é uma passagem obrigatória para a evolução, mas quem consegue passar o umbral dos primeiros e densos conceitos do pensador italiano avança por uma interminável caminhada, na qual a compreensão e o despertar de um estado vívido de consciência conseguem dar outro sentido à vida. Um estado de consciência que será comum na humanidade num futuro ainda distante.
Este artigo foi publicado originalmente no dia 25 de agosto de 2013