OPINIÃO

Cidade do Sol

O que existe de mais moderno à frente de nossos olhos vai se transformar em breve em sucata sem valor destinada a centros de reciclagem

Por Vittorio Medioli
Publicado em 05 de janeiro de 2025 | 09:18
 
 
Sofrerá uma metamorfose como nunca aconteceu anteriormente, e, da crisálida bonita que se arrasta hoje no tronco da árvore, deverá se levantar uma borboleta

Não tenho bola de cristal nem ousadia ou irresponsabilidade para imaginar o que acontecerá além dos próximos 20 ou 30 anos, mas, como otimista incorrigível, sinto que a sociedade inteira, nos quatro cantos do planeta, será profundamente modificada para melhor. Sofrerá uma metamorfose como nunca aconteceu anteriormente, e, da crisálida bonita que se arrasta hoje no tronco da árvore, deverá se levantar uma borboleta com capacidade de voar nas asas de novas e surpreendentes tecnologias.

O que existe de mais moderno à frente de nossos olhos vai se transformar em breve em sucata sem valor destinada a centros de reciclagem. Carros, aviões, navios, computadores, telefones, incluindo até ligas, componentes, remédios, passarão a ter substitutos de qualidade e desempenho infinitamente superiores.

Quem ficou espantado com o progresso e os avanços tecnológicos da segunda metade do século XX pode apertar o cinto de segurança e se preparar; a grande arrancada ainda está por vir.

Será também um momento de profunda mudança de costumes; talvez o começo da “cidade do Sol”, aquela nova e perfeita organização que o filósofo Domenico Campanella descreveu no século XVII, sem fixar-lhe uma data, mas definindo-a como uma organização celestial.

Os novos inventos, apesar de criarem em primeiro momento desemprego e apreensão que em seguida serão superados, chegam trazendo facilidades, simplificando as tarefas do dia a dia, gerando possibilidades inusitadas e livrando o homem das tarefas mais penosas, repetitivas e braçais.

Um mundo onde se trabalhará menos e onde se poderá viver melhor, desde que as consciências se despertem para a necessidade de mudanças, de redistribuição do emprego disponível e das fabulosas riquezas que serão produzidas com novas e portentosas tecnologias.

Este será o primeiro grande desafio do milênio e que se poderá concretizar deixando para trás brigas e injustiças do passado. Sabedoria e solidariedade, afinal, serão as colunas de uma nova sociedade menos materialista e disposta a ser feliz.