Vittorio Medioli

Vittorio Medioli

Empresário e político de origem italiana e naturalizado brasileiro, Vittorio Medioli está em seu segundo mandato como Prefeito de Betim. É presidente do Grupo SADA, conglomerado que possui mais de 30 empresas que atuam em diversos segmentos da economia, como logística, indústria, comércio, geração de energia e biocombustíveis, além de silvicultura, esporte e terceiro setor. Estudou Direito e Filosofia pela Universidade de Milão. Em sua coluna aborda temas diversos como economia, política, meio ambiente, filosofia e assuntos gerais.

Vittorio Medioli

A regra

Não precisa ser mago, vidente ou iluminado para reconhecer as regras cósmicas: o genuíno coração da natureza é a harmonia

Por Vittorio Medioli
Publicado em 26 de novembro de 2023 | 10:00
 
 

Não precisa ser mago, vidente ou iluminado para reconhecer as regras cósmicas. Elas estão aí, silenciosas, mas implacáveis. Entende quem tem juízo. 

A natureza não tolera por muito tempo a persistente autopreferência, o egoísmo, em detrimento dos outros, do interesse do conjunto, do bem comum: porque o genuíno coração da natureza é harmonia, é a fórmula que impera no universo, é coordenação e cooperação, é união de esforços para tudo funcionar. 

Por isso, nasceram as concepções de “ética”, das religiões, da filosofia, da moralidade e até da sabedoria. O ser humano que busca incessantemente, sem tréguas, a autopreferência perde sua razão de ser dentro de um organismo universal, com o qual deixa de colaborar. Torna-se hostil, pois para si faz qualquer coisa; para os outros pouco ou nada. Pior, desagrega e atrapalha para tirar vantagem. 

Os místicos dizem que o egoísta acaba sendo isolado até cair no “país das esperanças perdidas”. Perde as oportunidades de ser útil para o conjunto, perde a razão de ser em relação aos demais. Pode ser um agente cármico de penitências, um instrumento descartável do destino. Assim como a peça falida de um motor, será substituído por outra para manter a utilidade do conjunto. O parasitário é um traidor. Momentâneo, transitório, passageiro. 

Estamos de frente e dentro de um contínuo e incessante trabalho que procura desenvolver-se, melhorar-se, aperfeiçoar-se. Quem não ajuda a grande obra cairá em decadência porque a natureza das coisas o rejeitará e dele se livrará. A natureza não tolera o egoísmo persistente e inveterado, que não tem consciência do conjunto que o abriga e dele espera e aguarda o cumprimento de um dever. 

Basta olhar uma árvore ou olhar o corpo humano. Cada um é formado por uma multidão infindável de coisas, de organismos menores, todos trabalhando em conjunto e constituindo um único sistema, que dá vida a um só corpo. O que não presta nele ou deixa de ter utilidade é deixado para trás. A inteligência divina que sustenta o organismo se livra de milhões de partículas que esgotaram a sua função. Morrem e são expelidas, separadas, abandonadas, como suor, lágrimas e secreções. 

Quando o homem age harmoniosamente, age de acordo com o esquema universal, pode sofrer cansaço, mas pode aguardar, pois o prêmio será a evolução pessoal. O engrandecimento daquele patrimônio interno que almeja a evolução. Pode ser descrito como a personalidade, o espírito, o conjunto incrível que representa um ser humano – algo que ninguém pode subtrair. Os orientais juntam as duas mãos no gesto “namastê”, ou na saudação “reverencio o Deus que está em você”. Eles lembram a origem e a participação superior que cada indivíduo, “filho de Deus”, possui em si. 

A harmonia de consciência e de pensamento, portanto de uma ação correta, representa aquilo que chamamos de “ética”. Algo que silenciosamente agrada à nossa alma e a todos os justos. 

Ética em si é uma convenção de regras determinadas pelos homens, assim como a moral não é uma convenção, trata-se do julgamento de uma ação que despreza o egoísmo e atinge o bem comum.

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