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Reunião do PT de Betim termina em briga e registro de ocorrência

Filiados do PT municipal acusam os dirigentes do partido na cidade de agressão física e moral; caso ocorreu durante reunião do diretório da sigla

Por Lisley Alvarenga
Publicado em 12 de novembro de 2024 | 17:40
 
 
Caso ocorreu na manhã do último domingo (11 de novembro), na sede municipal do partido, situada na rua Monsenhor Nogueira, no bairro Chácara, em Betim

Uma reunião do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) de Betim, ocorrida na manhã do último domingo (11 de novembro), na sede municipal do partido, situada na rua Monsenhor Nogueira, no bairro Chácara, terminou em tumulto entre dirigentes e filiados da sigla em Betim. Os ex-prefeitos da cidade Maria do Carmo Lara e Jésus Lima estavam presentes.   

Em razão da confusão, os filiados da legenda fizeram uma representação nas Executivas estadual e nacional do PT e registraram uma queixa-crime na 4ª Delegacia de Polícia Civil contra dirigentes municipais do partido. Na representação, os filiados pediram que seja instalada uma comissão de ética para apurar o caso.  

Segundo o conteúdo da representação, ao qual a reportagem de O Tempo Betim teve acesso, os filiados do PT municipal Luiz Carlos Santana; Gênesis Teodoro, que foi candidato a vereador nestas eleições; Rosângela Ferreira; e Jésus Lima, ex-prefeito de Betim, acusam de agressão física e moral os dirigentes do partido na cidade, o advogado Edson Soró; que é presidente municipal do partido; além de Celsa; Gabriela; Adilson de Souza; Gildásio; Juliane Portes; Edmar Macalé e Eduardo Luca.   

A confusão teria tido início depois que o candidato a vereador Gênesis Teodoro fez um pronunciamento na reunião afirmando não ter apoiado nas eleições proporcionais o candidato Vinícius Resende (Federação PT, PV e PCdoB), por ele não ter "sido uma peça construída dentro da federação". O médico foi derrotado pelo jornalista Heron Guimarães, do União Brasil, que venceu as eleições com 52,46% dos votos válidos.   

 "Ele (Vinícius) estava no Podemos e saiu aproveitando a janela partidária para vir ocupar o lugar daquele candidato que foi construído aqui dentro do diretório, que foi o Jésus", disse Gênesis na reunião, conforme consta na representação.  

 O candidato a vereador do PT ainda citou uma ação que teria sido impetrada para retirar o direito de Jésus Lima ter voz ativa no partido, o que Gênesis classificou como "injusto" e uma "falta de caráter". "Deveriam, no mínimo, cumprir os ritos para, assim, proceder, o que não foi feito. Deveriam chamar uma reunião da Executiva exclusiva para isso. No entanto, chamaram para discutir outro assunto e sem a presença da chapa minoritária", disparou Gênesis na reunião.  

Segundo a representação, depois do pronunciamento de Gênesis, Edson Soró declarou que Jésus Lima estava com seus direitos políticos suspensos e que ele seria expulso do partido por ter falado mal de dirigentes do PT municipal.  

O embate continuou, conforme retrata o documento, quando o secretário de Organização, Luiz Carlos, rebateu a fala de Soró dizendo que a suspensão dos direitos políticos de Jésus não existia, porque não haveria nenhum procedimento contra o ex-prefeito tramitado na comissão de ética do partido. Luiz Carlos ainda disse que essa suspensão seria "uma arbitrariedade e um desrespeito ao Estatuto do PT".  

Na sequência, Jésus Lima pediu direito de fala para se defender, o que teria sido negado por Gabriela. O ex-prefeito, por sua vez, conforme diz o documento, teria acusado o grupo de estar sendo fascista, uma vez que estariam tentando "eliminar o adversário sem dar-lhe sequer o direito de defesa".  

 Ainda de acordo com a representação, os ânimos teriam se exaltado ainda mais quando Lucas Carlos teria proferido xingamentos contra Jésus Lima, chamando-o de "vagabundo", e quando Macalé teria começado a agredir verbalmente Gênesis, referindo-se a ele como "sem vergonha".  

Depois disso, pessoas teriam tentado tirar Gênesis da reunião, e Macalé teria dado uma “gravata” em Jésus Lima. Adilson de Souza também teria tentado agredir o ex-prefeito, mas, segundo o documento, foi impedido por Luiz Carlos Santana, que, em seguida, teria sido empurrado e derrubado por Edson Soró. Na sequência, de acordo com a representação, Gênesis Teodoro teria reagido e agarrado Adilson de Souza pelo pescoço. 

A confusão teve fim quando os filiados do PT foram expulsos da sede, conforme denunciaram. Ao saírem do local, eles se dirigiram à 4ª Delegacia de Polícia Civil para apresentar queixa-crime.

Posicionamentos

O presidente do PT de Betim, Edsom Soró, argumentou que não houve briga na reunião do diretório municipal e classificou o ocorrido como "apenas um pequeno bate-boca". Segundo ele, foi necessário solicitar que Jésus Lima se retirasse do ato, uma vez que ele "está com seus direitos internos suspensos". O advogado afirmou ainda que o ex-prefeito de Betim vai responder a um processo disciplinar interno na comissão de ética e de disciplina do partido. 

"Nos últimos anos, ele (Jésus) vem fazendo a disputa interna fora do que determinam o estatuto e o código de ética e disciplina do partido. Tem nos causado muitos desgastes e transtornos. Gastamos muito tempo com uma pessoa que soma pouco e nos atrapalha. Infelizmente, tem se prestado a servir nossos adversários. Está desorientado, sem nenhuma participação efetiva na cidade e quer sempre disputar cargos majoritários: governador, senador, prefeito. O problema é que ele não tem tamanho para essas disputas, tem rejeição altíssima, pouquíssimos apoios da militância municipal e nenhuma sustentação estadual e nacional. Como ele não consegue ser candidato, tenta desqualificar o partido e as lideranças que não o apoiam. Infelizmente, ele passou dos limites, fez acusações sem provas contra lideranças municipais e nacionais e se prestou a macular a imagem do PT de Betim. Atrapalhou nosso desempenho nas eleições proporcionais e vai ter que responder por isso. Acredito que esse seja o motivo de, mais uma vez, estar expondo o partido e fazendo essas acusações levianas", criticou Edson Soró. 

Já o ex-prefeito Jésus Lima afirmou que o ocorrido "não é coisa de petista de alma". "Já fui vítima de violência física e jamais imaginava que isso poderia partir de companheiros que sempre defendi. O PT é maior que certas pessoas. Vou pedir retratação pelo que fizeram com a imagem do meu partido. Eles não agrediram o Jésus. Eles agrediram o PT", disparou.