CLIMA DE TENSÃO

PT de Betim pede a expulsão de Jésus Lima do partido

Votação vai acontecer em encontro do diretório municipal da sigla, na quinta; filiados alegam que ex-prefeito descumpriu Estatuto e Código de Ética da legenda

Por Lisley Alvarenga
Publicado em 16 de dezembro de 2024 | 21:20
 
 
Jésus Limas, ex-prefeito de Betim entre 1997 e 2000

O Diretório do PT de Betim se reunirá, nesta quinta-feira (19 de dezembro), na sede da legenda, no bairro Chácara, e uma das principais decisões do encontro será a votação que pede a expulsão do partido do ex-prefeito, Jésus Lima. A Executiva municipal da sigla abriu um processo disciplinar contra o petista, que comandou a cidade entre 1997 e 2000, alegando que ele não cumpriu o Estatuto e o Código de Ética e Disciplina do Partido dos Trabalhadores. 

O embate entre Jésus Lima e parte de filiados do PT Betim se acirrou nestas eleições municipais, depois de o ex-prefeito ter afirmado publicamente ter sido contra a decisão da sigla de lançar Vinícius Resende (PV)  candidato a prefeito de Betim pela Federação PT/PV/PCdoB. Apesar do embate, o postulante foi derrotado nas urnas por Heron Guimarães (União Brasil), eleito novo chefe do Executivo em Betim.

De acordo com o documento que pede a expulsão de Jésus, ao qual O Tempo Betim teve acesso, o diretório do PT afirmou, que o ex-prefeito se mobilizou contra as decisões de instâncias superiores do partido, atentou contra a dignidade da sigla, desrespeitou o Estatuto do PT e atuou contra as decisões partidárias.

"Sendo sabedor das regras, (Jésus) se aproveitou do momento eleitoral para realizar acusações sem provas contra dirigentes e lideranças do PT em meios de comunicação, fora das estruturas internas (do partido)", declarou o documento, assinado por Edmar Alves da Rocha, Gislande Maria de Oliveira e Eduardo Lucas de Rezende, todos filiados ao PT em Betim. 

Segundo o grupo, Jésus não apresentou provas das denúncias feitas e fez acusações levianas contra o partido, contra lideranças municipais e contra dirigentes nacional do Partido dos Trabalhadores, como a ex-prefeita Maria do Carmo Lara e a secretária Nacional de Planejamento e Finanças do PT, a tesoureira Gleice Andrade. O objetivo das ações de Jésus, conforme alegou o documento, foi o de "desrespeitar a decisão, desconstruir a imagem da direção municipal e agredir dirigentes e lideranças do partido".  

Em conversa com a reportagem, Jésus se defendeu alegando que o que fez foi apenas denunciar a "trama" de Gleide Andrade e Maria do Carmo para derrubar uma candidatura do PT que, segundo ele, já tinha sido escolhida pelo Diretório Municipal do PT.

"Foram contra a decisão democrática e impuseram autoritariamente, goela abaixo, um candidato bolsonarista, zemista e ficha suja no lugar. Deu no que deu. O nosso PT perdeu e, agora, querem jogar a culpa da derrota no Jésus por ter feito a defesa do PT e da democracia interna", disparou o pestista. 

Para o ex-prefeito, o pedido de expulsão dele do PT municipal é uma medida extremista. Ele ainda acusou o grupo de fascismo. "O álibi deles é a tal Federação, de que teria sido um decisão nacional e é a acusação que me fazem. Até nisso se acovardam, pois foi tudo tramado aqui em Betim. Não assumem o estrago que fizeram no PT e, agora, agem com extremismo. Infelizmente, a tirana da Gleide Andrade vem a Betim só pra dar dinheiro pros seus cabos eleitorais. Quem não está com ela, não basta ser derrotado, tem que ser eliminado, morto, expulso. Isso é fascimo na sua mais cruel demonstração", acusou Jésus Lima.

A reportagem entrou em contatou com o presidente municipal do PT, Edson Soró, que disse que não poderia comentar sobre o "processo por questões internas".

Clima de tensão

Não é a primeira vez que Jésus e a direção municipal do PT têm um embate hostil. Em 11 de novembro deste ano, depois das eleições, uma reunião do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) de Betim terminou em tumulto e acusações de agressão física e moral.

Em razão da confusão, os filiados da legenda, entre eles, Jésus Lima, fizeram uma representação nas Executivas estadual e nacional do PT e registraram uma queixa-crime na 4ª Delegacia de Polícia Civil contra dirigentes municipais do partido. Na representação, os filiados pediram que fosse instalada uma comissão de ética para apurar o caso.