CASO MARCÃO UNIVERSAL

Polícia pede quebra de sigilo telefônico de ex-vereadora

Vereador de Betim por quatro vezes, político morreu em julho de 2024; reportagem teve acesso a inquérito policial

Por O TEMPO

Publicado em 07 de março de 2025 | 08:00

 
 
Imagem postada por Bianca mostra o casal em viagem pouco tempo antes da morte de Marcão Imagem postada por Bianca mostra o casal em viagem pouco tempo antes da morte de Marcão Foto: Reprodução redes sociais

A Polícia Civil investiga as circunstâncias do falecimento do ex-vereador e ex-presidente da Câmara Marcos Antônio da Paz, o Marcão Universal, que foi encontrado morto em sua casa, em julho do ano passado. De acordo com o inquérito policial, ao qual a reportagem teve acesso, a ex-vereadora Eliana Aparecida Moreira, conhecida como Bianca, segunda esposa de Marcão, é considerada suspeita no caso e, após ela dar versões diferentes sobre sua rotina antes da morte do político e não esclarecer horários, a polícia solicitou ao Ministério Público a quebra de sigilo telefônico dela. A investigação está sendo conduzida pela Delegacia de Homicídios de Betim. 

Ainda segundo o documento, a suspeita foi ouvida pela polícia e negou ter tido qualquer participação na morte da vítima. Em seu depoimento, ela reconheceu que havia divergências políticas entre o casal, já que o marido apoiava o filho Alexandre da Paz, então candidato a vereador pelo MDB, e ela era cabo eleitoral de outro candidato. Porém, ainda de acordo com o depoimento dela, nunca houve agressões ou atritos mais sérios entre ela e Marcão por conta disso. Contudo, o que chamou a atenção da polícia, e está destacado no inquérito, é que a suspeita não soube dar detalhes nem mesmo horários de sua rotina no dia da morte do ex-vereador e no dia em que o corpo foi encontrado.

Relembre

Marcão Universal foi encontrado sem vida na residência dele, no bairro Vila Universal, no início da tarde do dia 15 de julho de 2024, segunda-feira, por um dos filhos do primeiro casamento dele, Alexandre da Paz, eleito vereador para a atual legislatura pelo MDB. Alexandre contou à reportagem, durante o enterro do pai, que, logo pela manhã da segunda, começou a ligar para Marcão, pois eles tinham agendado um compromisso de campanha política e, como Marcão não atendia, decidiu ir até a casa dele para saber o que estava acontecendo. “Chamei várias vezes, mas, como ele não atendeu e consegui ver que o carro dele estava na garagem, decidi arrombar a porta. Foi quando encontrei o corpo dele caído no chão, próximo à escada”, disse na época.

Após encontrá-lo, Alexandre acionou a polícia, que então realizou os trabalhos periciais no local. De acordo com o inquérito policial, instaurado no dia 18 de julho havia um ferimento na cabeça de Marcão Universal e a suspeita inicial era de um possível acidente doméstico, em que a vítima teria caído da escada após tentar subi-la com um tampo de mesa de madeira. Depois, o corpo de Marcão foi encaminhado para o Instituto Médico-Legal (IML), onde foi realizada a necropsia do corpo.

Causa da morte

O laudo com o resultado, que consta no inquérito, informa que a causa da morte foi traumatismo cranioencefálico, provocado por um “instrumento contundente”. Porém, esse referido instrumento não teria sido encontrado pelos policiais. Com relação à hora da morte, o resultado dos exames mostra que Marcão Universal faleceu por volta das 22h do domingo (14 de julho). No depoimento de uma vizinha, ela diz que ouviu um forte barulho, que teria sido o da queda dele da escada, em torno das 20h do domingo.

Versões diferentes

Ainda segundo o inquérito, a suspeita entrou em contradição, informando inicialmente que havia saído de casa cedo na segunda e deixado a vítima dormindo. Depois, ainda de acordo com o documento policial, depois mudou a versão e declarou que chegou em casa no domingo à noite, dia da morte, e encontrou a vítima embriagada e irritada, fato que a levou a dormir fora de casa e, na segunda de manhã, ir direto para um sítio do casal. Entretanto, segundo o inquérito policial, ela não esclarece os horários corretos nem tampouco sua rotina exata no dia da morte até a hora em que o corpo de Marcão Universal foi encontrado pelo filho.

Saiba mais

Inquérito. A investigação está sendo conduzida pelo delegado de Homicídios Otávio Luiz, que, no inquérito, afirma ser “a medida ora requerida possível diante da ocorrência de fato grave, que, se confirmado, é crime sujeito à ação penal pública, punido com pena de reclusão, e hediondo”. 

Tramitação. O andamento do processo pode ser consultado pelo número 002241179.2024.8.13.002 no site do Tribunal de Justiça.

Sem contato. A reportagem tentou falar com a investigada por telefone, sem sucesso.

Defesa. Para o advogado dos filhos da vítima, Antônio Henrique Pereira da Silva, “a quebra de sigilo telefônico será um avanço importante na fase investigativa, pois possibilitará saber a localização e as atividades da investigada, já que ela não soube esclarecer o que fez nos dias 14 e 15 de julho de 2024”.

Histórico. Marcão Universal morreu aos 72 anos. Natural de Engenheiro Caldas, ele teve três filhos com a primeira esposa. O político foi vereador por quatro mandatos, tendo sido presidente da Câmara duas vezes. Em 2016, ajudou a segunda esposa, Bianca, a se eleger vereadora.