Emoção

Sem poder ter contato com a mãe após o parto, bebê fica pele a pele com o pai

Intercorrências impediram que criança tivesse primeiro momento com mãe após o nascimento, e equipe médica da maternidade pública de Betim pediu para que o pai segurasse o filho

Publicado em 17 de dezembro de 2020 | 17:53

 
 

Quando uma criança nasce, o primeiro contato que ela tem, na maioria das vezes, é com a mãe. No entanto, em um parto que aconteceu na Maternidade Pública Hayde Espejo Conroy, na manhã dessa quinta-feira (17), em Betim, na região metropolitana, a situação foi diferente.

Por causa de intercorrências durante o trabalho de parto, Vanessa Aparecida Freitas Carvalho, 33 anos, não pôde ter contato direto com o pequeno Noah Miguel. 

Com isso, a equipe médica da maternidade - reconhecida por vários títulos ao longo dos 24 anos de existência e pelo atendimento humanizado - buscou uma solução para que o bebê não ficasse "longe" da família: fazê-lo ter contato direto com o pai Deivid Chagas, 32 anos. O casal mora em São Joaquim de Bicas, também na Grande BH.

A enfermeira Denise Faria trabalha na maternidade desde a inauguração do local e se emocionou com a situação. "Hoje, tivemos um parto difícil, uma situação delicada, que impediu que a mãe tivesse esse contato pele a pele com o filho logo após o nascimento. É o que a gente chama de 'hora ouro'. É importante para o bebê ter esse contato direto com mãe por cerca de uma hora, se possível, até ser amamentado. Isso gera uma humanização muito grande. Infelizmente, nesse parto de hoje, por intercorrências, isso não pôde acontecer. Naquele momento, a equipe, apesar de estar muito preocupada com a assistência à mãe, ainda assim se lembrou do pai, que estava ali, ao lado da mulher, o tempo todo. Então, decidimos fazer o contato pele a pele do bebê com o pai. No mesmo momento em que o pequeno Noah encostou no peito do pai e sentiu seu coração batendo, ele parou imediatamente de chorar. Mesmo em uma situação difícil, pudemos valorizar a assistência humanizada, que sempre foi a característica da maternidade. Foi muito emocionante, ainda mais nesta época em que as pessoas precisam ficar afastadas por causa da pandemia", contou Denise. 

Deivid disse à reportagem que nunca passou pela sua cabeça segurar o filho antes da mãe. "Nunca pensei de acontecer isso. Como minha esposa não pôde segurá-lo, a médica perguntou se eu poderia segurar o Noah, porque era muito importante esse momento para o neném. Então, sentei na cadeira e o abracei", relatou. "Não pensei em mais nada no momento, apenas nele. Foi mais que um amor à primeira vista", completou. 

Ele também agradeceu ao atendimento prestado pelos funcionários da maternidade. "Foram muitos receptivos. Eles nos tranquilizaram o tempo todo, a mim e à minha esposa, deixaram eu ficar ao lado dela o tempo todo, nos deram tranquilidade a todo momento. É muito humanizado. Os funcionários têm muito carinho com a gente", afirmou. 

Recuperação
A mãe já se recuperou e passa bem. Inclusive, já pôde pegar o pequeno Noah no colo, o que deixou os funcionários emocionados. 

Denise contou que, nos 24 anos em que atua na maternidade pública, só presenciou esse tipo de situação duas vezes. "Eu só vi este fato, de colocar o bebê pele a pele com o pai logo após o nascimento, em duas oportunidades. Isso só acontece em situações mais extremas. Não é comum fazer isso. Mas não podíamos privar a criança de ter esse calor humano. A equipe precisa ter uma sensibilidade muito grande, pois é um parto de emergência. E foi o que aconteceu", completou a enfermeira.

Noah nasceu com 3,185 quilos e no mesmo dia do aniversário de 82 anos de Betim.