Alternativa

Com crise do coronavírus, empresas de Betim focam em delivery e redes sociais

Construção civil, alimentação fora do lar, moda, varejo, além de serviços educacionais, de logística, transporte e tecnologia foram os setores mais afetados

Publicado em 26 de março de 2020 | 22:09

 
 

Desde que a pandemia do novo coronavírus começou a se disseminar pelo país, quem abre as embalagens de marmitex do restaurante 5º Paladar, no centro, encontra sempre um sachê com álcool em gel e lenços umedecidos, além de um recadinho de alento, escrito à mão na embalagem, com os dizeres: “Bom apetite! Se cuide, tudo vai ficar bem!”. 

Depois que o município, assim como a maioria das cidades brasileiras, decretou, na semana passada, o fechamento presencial de uma série de estabelecimentos como medida de prevenção à proliferação da Covid-19, empreendedores e comerciantes de pequeno e médio porte da cidade estão tendo que usar e abusar da criatividade, adotar procedimentos rígidos de segurança e investir pesado em entregas delivery e divulgação nas redes sociais para tentar sobreviver à queda assustadora do número de clientes. 

“Nosso movimento caiu 75% desde a pandemia. Trabalhar apenas com delivery, mesmo com descontos, promoções e gratuidade, em alguns casos, para as entregas, está sendo um desafio. Nesse momento, as redes sociais e o market-place têm sido fundamentais para conseguirmos vender alguma coisa e diminuir os prejuízos. Mas, com a estrutura que temos, apenas delivery não segura o negócio por muito tempo”, afirmaram Dillieny Gonçalves Silva e Geisa Paula Nogueira, 32, sócias-proprietárias do 5º Paladar. 

Procedimentos de segurança, como levar álcool em gel durante as entregas e higienizar a máquina do cartão de crédito, além do aumento do marketing digital e das entregas em domicílio, também foram ações adotadas pelo empresário Leonardo Jefferson, 35, dono da casa de rações Só de Bicho, no bairro Bom Retiro, para tentar diminuir os prejuízos. “O movimento caiu bastante por causa desta doença, porém, as entregas aumentaram 25%. Com a pandemia, estamos focando no delivery e, se essa situação perdurar, teremos que trabalhar ainda mais duro para sairmos mais fortes dessa crise”, disse o empresário.

Fomentar o comércio

Mapeamento divulgado nesta semana pelo Sebrae mostra que construção civil, alimentação fora do lar, moda, varejo tradicional, além de serviços educacionais, de logística, transporte e de tecnologia são os setores mais afetados. 

Pensando em auxiliar esses pequenos e médio empreendedores da cidade neste momento de crise, a Prefeitura de Betim, em parceria com o Sebrae, a Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) e a Ordem dos Advogados (OAB) de Betim, além da Associação dos Contadores de Betim e Região e a PUC Betim, planejam implementar algumas ações no município nos próximos dias.

“Uma delas, prevista para começar na semana que vem, é oferecer treinamento de vendas pelas redes sociais para os empresários da cidade. O curso será online, gratuito, e feito pelo Sebrae. Também pensamos em criar uma ferramenta em que a população possa optar por receber mensagens por SMS com produtos e promoções de comerciantes de cada região em que o betinense mora”, explicou o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico de Betim, Alexandre Bambirra.

“Como dever de casa, também solicitamos que os envolvidos sugiram ideias para fomentar o comércio que possam ser implementadas como políticas públicas”, finalizou o secretário. 

Aulas pela internet

Outro segmento do mercado que tem buscado alternativas criativas para não perder os clientes são as academias. Fechadas por causa da pandemia de coronavírus, muitas estão oferecendo aulas pela internet para que os alunos possam fazer atividades físicas sem sair de casa. É o caso da educadora física e personal trainer Ireny Almeida Pereira de Freitas, 54, do Studio Guarujá Fit. 

“Depois que foi determinado o fechamento das academias, criamos um grupo no WhatsApp e começamos a enviar os treinos para os alunos, inclusive, os dos que fazem aulas personalizadas. Foi a forma que encontramos para não perdermos os clientes e não deixá-los sem fazer atividades físicas. Felizmente, o feedback está sendo bem positivo. Essa crise exigiu de nós inovação. Pretendo, inclusive, depois, criar uma plataforma para oferecer esse tipo de serviço”, contou.