A represa Várzea das Flores – como é conhecida pela população, mas cujo nome oficial é Vargem das Flores –, entre Betim e Contagem, atingiu sua capacidade máxima por volta das 18h30 desse sábado (8) e, desde então, está vertendo. Isso significa que o volume excedente de água está saindo pelo vertedouro – uma espécie de ladrão por onde a água desce.
Isso tem causado o aumento do nível do rio Betim e de toda a sua calha. Ruas e avenidas de bairros que ficam abaixo da represa, que é de responsabilidade da Copasa, estão registrando alagamentos em diversas regiões.
“Desde as 18h30 desse sábado (8), a represa está vertendo o volume excessiva de água. O que ocasiona aumento expressivo do volume de água nos principais córregos das regiões Norte, Alterosa e Centro”, informou a prefeitura em nota.
O procurador geral de Betim, Bruno Cypriano, esteve na represa neste domingo (9). “Segundo funcionários da Copasa, eles nunca viram um vertimento igual ao que está tendo agora. Seria o maior da história ou, pelo menos, dos últimos anos. O nível de água já ultrapassou 48 centímetros do vertedouro, e, com a previsão de mais chuvas, o temor que haja um volume ainda maior de água descendo para a calha do rio Betim e atingindo a cidade. As famílias mais críticas já foram retiradas do local mais perto do rio”, explicou Cypriano.
Na avenida Cordiline, no Nossa Senhora de Fátima e Cruzeiro do Sul, algumas famílias estão ilhadas por causa do aumento do nível do córrego, que recebe a água excedente da represa. Equipes da Defesa Civil estão no local para assistir aos moradores e iniciar uma operação de remoção das famílias.
A prefeitura já havia notificado a Copasa, responsável pela represa, para que a empresa tomasse medidas para diluir os impactos do volume excedente do reservatório, mas nenhuma ação foi feita. Segundo técnicos da Defesa Civil, a quantidade de água que desce para a calha do rio Betim alcança mais de 60 m³ por segundo, e o temor é que haja falência das calhas hídricas, que já estão sobrecarregadas pelas chuvas intensas. Segundo o procurador geral do município, os prejuízos serão cobrados da Copasa.
No sábado (8), a Copasa divulgou nota informando que a companhia “esclarece que o vertimento é um processo natural, previsto na operação da represa, visando garantir a segurança, sem riscos de rompimento”. “A barragem foi construída para liberar a vazão excedente de água durante o período chuvoso. A Copasa ressalta que os níveis de água da represa têm sido monitorados, diariamente, pela equipe da Copasa, com compartilhamento de informações com a Defesa Civil e gestores do município”, completa.
Neste domingo (9), a reportagem procurou a empresa para uma posição sobre os alagamentos que estão ocorrendo por causa do volume excedente que desce para o rio Betim e córregos da região e as ações para minimizar os impactos. Em nota, a Copasa respondeu que "na manhã deste domingo (9), foram fechadas todas as descargas de água da barragem, visando minimizar o volume para o rio Betim".
"A Companhia esclarece que o vertimento é um processo natural, previsto na operação da represa, visando garantir a segurança da estrutura, sem riscos de rompimento. A barragem foi construída para liberar a vazão excedente de água durante o período chuvoso. A Copasa ressalta que os níveis de água da represa têm sido monitorados, diariamente, pela equipe da empresa, com compartilhamento de informações com a Defesa Civil e gestores do município", diz a nota.
Saiba a diferença
Criada em 26 de junho de 2006, por meio da Lei Estadual 16.197, a Área de Proteção Ambiental de Vargem das Flores (APA) é uma unidade de conservação de uso sustentável de 12.263 hectares, localizada nos municípios de Betim e Contagem, e constituída pela bacia hidrográfica Vargem das Flores.
Apesar do nome oficial, em Betim, a região passou a ser denominada pela população betinense como Várzea das Flores, o que, inclusive, inspirou a nomenclatura de dois bairros em Betim: Alto das Flores e Vila das Flores.
(atualizada às 14h30)