A influenciadora digital Bianca Moreira, de 24 anos, moradora do bairro Jardim Petrópolis, em Betim, na região metropolitana de BH, foi vítima do golpe conhecido como “SIM Swap”, que consiste na clonagem do número do celular por meio de uma portabilidade feita de forma irregular, sem o consentimento (nem o conhecimento) do titular da conta. Ao longo de três meses, ela amargou um prejuízo estimado em mais de R$ 300 mil.
A ação criminosa ocorreu em 30 de maio deste ano, época em que Bianca estava morando em São Paulo em razão do trabalho. Durante um passeio, ela notou que o celular estava sem o sinal da operadora. Na sequência, ao tentar acessar o WhatsApp, recebeu uma mensagem informando que o número dela não estava mais registrado naquele aparelho. Daí em diante, a situação foi se complicando ainda mais. “Entraram no meu Instagram, no meu Facebook, na minha conta do banco e até no meu app da Uber. Meu número e a conta do Facebook eu consegui reaver rapidamente, mas a do Instagram só recuperei na semana passada”, conta a jovem.
Utilizando o perfil da influenciadora - que, na época, tinha mais de 300 mil seguidores - e se passando por ela de forma grosseira, os golpistas publicaram stories com falsas promessas de retornos milagrosos para investimentos mirabolantes. Resultado: aproximadamente 4.000 pessoas fizeram transferências dos mais variados valores acreditando que multiplicariam os montantes iniciais. Ao descobrirem que se tratava de um golpe, muitas ficaram irritadas. “Teve um cara que ameaçou a minha mãe. Ele me disse que eu teria que devolver o dinheiro que ele perdeu de um jeito ou de outro”, conta a jovem.
Assim que percebeu o que estava acontecendo, Bianca procurou uma delegacia da Polícia Civil de São Paulo especializada em crimes cibernéticos. Desde maio, ela vinha tentando recuperar a conta no Instagram, utilizada como ferramenta de trabalho. Com a invasão dos hackers, ela perdeu contratos e ficou sem renda, que girava em torno de R$ 150 mil por mês. Por conta do custo de vida elevado na capital paulista, ela acabou voltando para Betim.
Apesar de ter retomado o acesso à conta na rede social, Bianca ainda enfrenta dificuldades para efetuar chamadas via operadora. Ela conta que já esteve em lojas da Tim quatro vezes, mas até hoje não teve um posicionamento nem uma solução para o problema. Em nota, a empresa informou que "o caso citado já está em análise para que a companhia tome as medidas necessárias".
A operadora afirmou também que "adota protocolos rígidos de segurança – que são revisados constantemente para evitar ações indevidas nas linhas – e está à disposição para corrigir imediatamente qualquer irregularidade nos acessos". A empresa ainda orienta os clientes a utilizarem autenticação de dois fatores, evitar o uso de SMS ou ligação telefônica para recuperação de senha e habilitação de senhas de segurança SIMCard.
Agora, a influenciadora pretende processar tanto a operadora quanto a Meta, empresa que gerencia o Facebook e o Instagram. Se conseguir uma indenização, ela garante que vai ressarcir as pessoas que foram vítimas que caíram no golpe aplicado por meio da página dela. “Elas também não têm culpa do que aconteceu”, diz a jovem.
Matéria atualizada em 20 de setembro, às 15h15, para incluir a resposta da Tim.