“Eu não sou da raça negra, sou da raça humana, como todos vocês”. Parece óbvio, mas é uma das coisas que o professor, escritor e pesquisador de historiografia africana Natanael dos Santos faz questão de frisar em suas palestras. Uma delas foi ministrada nesta terça-feira (21), em Betim, na região metropolitana de BH, para centenas de alunos e profissionais de escolas municipais da cidade.
A apresentação faz parte da programação da 2ª Mostra Cultural “Fundamental é mesmo assim…”, promovida pela Secretaria Municipal da Educação (Semed). “Eu sou da etnia preta, ou negra, como quiser, mas raça é uma só”, completa o palestrante.
Além de convidar o público a refletir sobre as suas próprias origens - em sua maioria, africana e/ou indígena -, Natanael busca desmitificar conceitos e destacar a contribuição dos negros para o desenvolvimento econômico, social e cultural ao longo da história. “É importante falar do negro sem ferir o outro ou as outras etnias. Normalmente, quem fala da sua, quer fazer da outra inferior. Eu não. Falo do ser humano, do colonizador, de quem veio colonizar, e eu tenho que respeitar todos, colocá-los num patamar igual porque nós somos seres humanos”, afirma o pesquisador.
A titular da Semed, Marilene Pimenta, também ressaltou a importância desse entendimento. “Por meio da educação, queremos acabar com o preconceito não apenas dentro de sala de aula, mas fora dela. Precisamos ser cada dia mais humanos”, diz a secretária.
Mais do que tocar com palavras, Natanael dos Santos embalou o público com uma apresentação do quinteto musical Griô Educacional, que trouxe muita africanidade para o evento e envolveu a plateia. A proposta do evento foi aprovada pela diretora da Escola Municipal Isaura Coelho, no Jardim das Alterosas, Dalva Barcelos. “O Natanael falou de uma coisa muito importante, que é a informação. Quando as pessoas não têm informação, não conseguem nem saber quem são realmente. Somos um povo miscigenado, formado por diversas partes deste mundo, principalmente pelo povo africano. E isso já é trabalhado em sala de aula na rede de Betim”, pontua a educadora.
A jovem Rayara Kettone, de 11 anos, aluna da Escola Municipal Edir Terezinha de Almeida Fagundes, no Guanabara, é prova disso e mostrou que aprendeu bem. “Pra mim, esse ‘trem’ de racismo nem poderia existir, porque não faz sentido. Todos nós somos iguais”, resume.
Além da palestra de Natanael, a mostra conta com trabalhos acadêmicos de estudantes do ensino fundamental da rede municipal que podem ser conferidos gratuitamente no hall do Monte Carmo Shopping até domingo (26), das 10h às 22h.