Esporte

Suor e superação: conheça histórias para se inspirar!

Quando a atividade física transforma vidas. Disciplina e foco são essenciais para mudar

Publicado em 01 de abril de 2023 | 08:00

 
 

Um choque de realidade, uma dificuldade inesperada, um plano frustrado… tudo isso pode ser um baque para qualquer pessoa. Mas a vida continua, e superar é necessário. Muita gente consegue atingir esse patamar por meio do esporte. Para essas pessoas, a atividade física é mais do que um hobby: é transformação de vida.

Foi o caso do empresário Augusto Schad, de 39 anos, morador de Betim, na região metropolitana de BH. Após passar o Réveillon há quatro anos em uma cama de hospital, ele decidiu que aquele seria um ano diferente. Em luta contra a obesidade e contra doenças associadas a ela, como hipertensão e problemas cardíacos, ele entendeu que era hora de mudar.

“Eu pesava 166 kg, era sedentário e me alimentava mal. Vivia com picos de pressão alta, meus batimentos cardíacos eram descompassados, e eu tomava antidepressivo”, conta. 

Schad se matriculou no crossfit e começou a fazer os exercícios de forma adaptada por conta do peso corporal, com o apoio dos professores Brenda Cavalcante e Mateus Diniz. Inicialmente, ia cerca de duas vezes por semana, até aumentar aos poucos a intensidade dos treinos.

O resultado, após quatro anos, foi uma perda total de 66 kg de peso corporal e ganho de qualidade de vida. “Não tenho mais problemas de pressão, cardíacos, e meu sono melhorou”, diz. 

A superação foi tão forte que ele, inclusive, chegou a participar do Open Crossfit Games, um campeonato mundial e online do esporte. Ele ficou em 12º lugar no Sul-Americano e em primeiro na categoria Scaled. 

“A questão é ter persistência e paciência. Os hábitos não mudam do dia para a noite: é disciplina”, afirma ele, que hoje pratica crossfit e corrida de segunda a sábado, natação três vezes por semana e treinos extras de crossfit voltados para competição. 

Contra as estatísticas

O servidor público Mateus Camargos, também de Betim, tinha tudo para desistir. Com apenas 28 anos, em 2016, ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O diagnóstico, segundo ele, era grave.

Internado em um Centro de Tratamento Intensivo (CTI), os médicos informaram à família que ele tinha apenas 1% de chance de vida. Neste período, ele chegou a perder uma carótida, que é uma das principais artérias do organismo. Mas, 12 dias depois, ele despertou. O mundo, claro, era bem diferente do que ele conhecia antes do AVC. 

Acamado, com parte do corpo paralisado, fala comprometida e dependente, ele teve que reaprender a viver do zero. A situação poderia parecer desesperadora, mas se engana quem pensa que as circunstâncias o desanimaram. “Desde o primeiro momento, eu decidi que iria sair daquela situação”, lembra.

O caminho não foi fácil. Ele passou por um longo tratamento com fisioterapia e hidroterapia para recuperar a autonomia e voltar a fazer o que ele tanto amava antes: praticar esportes. Nesse processo, contou com o apoio da família e de amigos.

Atualmente, Mateus luta muay-thai e jiu-jítsu, e faz musculação todos os dias – e ele pega pesado! Em 2018, participou da competição paralímpica de lançamento de dardos.

“O esporte teve um papel fundamental na minha recuperação. Não fossem as atividades físicas, eu ficaria em casa e acabaria caindo em depressão”, conta.

Camargos também mudou a perspectiva de vida. Leitor assíduo, ele conta que já leu mais de 450 livros e mantém a mente em atividade constante. Ele planeja escrever um livro contando a própria história e se tornar palestrante para motivar outras pessoas. 

“A luta é você contra você mesmo. Não tem segredo. Disciplina e força de vontade são fundamentais. Você precisa colocar na sua cabeça: eu quero, eu posso, e eu consigo”, diz. 

Pingue-pongue - Entrevista com a psicóloga do esporte Adriana Fernandes. Ela também atua no atendimento dos atletas do Programa Viva o Esporte.

De que forma o esporte ajuda a superar algo?
O esporte é um meio norteador para a qualidade de vida, principalmente para a pessoa com uma deficiência que foi adquirida: ele entra na reconstrução da identidade e da autonomia. Nos demais casos, o esporte recupera a identidade da pessoa através do convívio e da socialização.

Como ter disciplina?
O que essa pessoa precisa é o desejo, é o querer dela. Na psicologia do esporte, a gente trabalha aos poucos, ajudando o indivíduo a construir metas, que são importantes para alcançar o objetivo que ele almeja.

Dicas para começar?
O primeiro passo é fazer uma aula experimental e ir acompanhado de uma pessoa que já faz essa prática. O segundo é ir aos poucos, pelo menos duas vezes na semana e manter frequência. A pessoa precisa entender que ela tem a corresponsabilidade pelos resultados.