Durante a quinta oitiva da CPI da Lama, que apura possíveis crimes ambientais e contra a saúde provocados pela invasão da lama advinda das enchentes do rio Paraopeba, em janeiro deste ano, e que teria rejeitos de minério, o diretor de reparação e desenvolvimento da Vale, Marcelo da Silva Klein, admitiu que o suporte dado a Betim foi “tímido”. A audição pública ocorreu nesta quarta (11), na Câmara de Betim.
“De fato, atuamos intensamente em Brumadinho, Mário Campos e Nova Lima. Concordo que o suporte a Betim foi tímido. Fomos até os locais mais próximos de Brumadinho, pela lógica de que os rejeitos estavam contidos até os primeiros 8 km (do rio). Então, nosso perímetro prioritário foi aquele que poderia ter sido mais impactado pela nossa presença. Betim, de fato, não estava nele. Na hora em que as coisas estavam acontecendo, não tínhamos a percepção de que Betim era um front crítico, que pudesse ter relacionamento com o rompimento, como é a tese que esta CPI está investigando”, destacou o representante da mineradora.
Marcelo Klein argumentou também que, do total de 12,1 milhões de m³ de rejeito que havia na barragem da mina de Córrego do Feijão, 9,68 milhões de m³ verteram e 1,59 milhões de m³ chegaram ao Paraopeba.
“Desse material, 80% ficou retido nos primeiros 8 km. Isso é importante para orientar nosso trabalho de dragagem, pois nossa obrigação é cuidar da remoção do material que verteu e que ficou no solo. Quando as pessoas falam em assoreamento do rio, fica a sensação de que uma massa enorme de minério entrou no rio, expulsando a água na hora, sobretudo nas chuvas severas. Pela quantidade de minério que chegou até o rio e a forma com que ele se distribuiu, em uma altura de 20 cm, a gente entende que isso não caracteriza o assoreamento do rio”, argumentou o diretor.
Apesar das alegações do representante da Vale, em oitiva anterior, o secretário de Meio Ambiente de Betim, Ednard Tolomeu, informou que, após as enchentes de janeiro, 2,5 milhões de m³ de área em Betim foram atingidos pela lama que saiu do Paraopeba
Ao ser questionado sobre qual suporte social fora dispensado pela Vale à população da cidade, Klein disse que a empresa distribuiu cestas básicas e kits de higiene pessoal e de limpeza, mas não soube informar a quantidade. Ele admitiu ainda que não houve por parte da empresa a oferta de atendimento psicossocial às famílias atingidas.
O presidente da CPI, Professor Wellington (PSC), criticou o suporte, afirmando que “envolvimento social vai muito além de pacotes de assistencialismo, com cestas, produtos de higiene e colchões”. “Entendo que isso é de grande valia, mas essas pessoas precisam, sobretudo, de atendimento com psicólogos, assistentes sociais. Essa população sofre até hoje de problemas psicológicos gravíssimos”, disparou.
Na quarta (18), às 14h, ocorrerá a sexta oitiva da CPI da Lama. Na ocasião, o secretário de Ordenamento Territorial e Habitação de Betim, Marco Túlio Freitas, deve ser ouvido.