Nos dias 15 e 16 de dezembro ocorre em Betim a exibição gratuita do filme documental "Para todos os sentidos: a arte da inclusão cultural". A obra, roteirizada e dirigida pela betinense Amanda Arruda, com direção de fotografia de Guto Rodrigues, reúne sete depoimentos, sendo cinco deles de Pessoas com Deficiência (PCDs). O objetivo é demonstrar, na prática, as medidas de acessibilidade e os cuidados que qualquer pessoa, especialmente produtores de eventos, devem adotar para garantir uma acessibilidade real.
O filme foi realizado com o incentivo da Lei Paulo Gustavo, através da Secretaria de Arte e Cultura de Betim.
Amanda conta que a ideia surgiu para trazer visibilidade para o tema. "Quando o edital da Lei Paulo Gustavo foi lançado, eu já tinha algumas ideias de projetos. Enquanto escrevia, percebi que na parte de acessibilidade poderia simplesmente incluir medidas para atender aos critérios exigidos. Mas isso não parecia suficiente. Resolvi conversar com pessoas que enfrentam desafios de acessibilidade para entender o que realmente faria a diferença", explica.
O processo produtivo começou em fevereiro deste ano, e as gravações entre abril e maio. A finalização ocorreu em novembro.
De acordo com a diretora, cada história traz uma história única: o Darlan, que é cego, dá aulas de música; a Maria Clara, com autismo, trabalha como fotógrafa de casamentos; a Débora, que é surda, ama música e participa de um ministério de dança; a Jéssica, cadeirante, é uma leitora apaixonada e frequentadora assídua da biblioteca pública; e a Geovana, que tem síndrome de Down, se expressa por meio da pintura em tela – ela participou junto com a mãe, que a acompanhou na entrevista.
A história também conta com depoimentos da assistente social e superintendente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Betim (Apae), Patrícia Gil, e da própria Amanda, que contextualiza e conecta as histórias.
"Também buscamos algo ainda maior: promover uma mudança de mentalidade na sociedade sobre o tema. Queremos que as pessoas compreendam como podem contribuir para tornar o mundo mais acessível e inclusivo", destaca.
Segundo ela, o filme utiliza recursos de acessibilidade, como legendas, interpretação na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e audiodescrição, garantindo que todos possam experimentar o conteúdo de forma plena.
Para Amanda, realizar este trabalho abriu os horizontes para entender melhor o universo da inclusão e quais são as barreiras que o público PCD enfrenta.
"No início, nossa principal preocupação era entender as medidas de acessibilidade, mas, ao longo do processo, percebemos que o verdadeiro desafio vai além de soluções práticas. O mais importante é que todos nós precisamos ter um olhar atento às necessidades das pessoas ao nosso redor, ajudando sempre que possível", comenta.
Segundo ela, embora o foco do trabalho tenha sido nos espaços de arte e cultura, a mudança precisa acontecer em todas as esferas da sociedade.
"As dificuldades estão presentes em todos os contextos. Por exemplo, como uma pessoa surda consegue explicar seus sintomas a um médico sem a presença de um intérprete?
Percebi, também, que a acessibilidade vai muito além de medidas físicas ou adaptações pontuais. Mais do que rampas ou legendas, é necessário transformar a mentalidade coletiva: respeitar as diferenças, compreender as demandas individuais e agir com empatia", diz.
A exibição ocorrerá no Partage Shopping Betim. No dia 15 será às 10h30; já no dia 16, às 19h30. É necessário retirar os ingressos previamente pelo Sympla (clique aqui) porque o espaço tem lotação limitada. A sessão terá acessibilidade para todos.
Pessoas cadeirantes devem especificar na retirada do convite pois elas terão um lugar reservado para garantir mais comodidade.